desaparição

Coisa que gosto é sair errante,
Dobrar esquinas de antigamente.
Pela Garibaldi colher uma flor,
Piegas contente a falar de amor.
Sentar ao sol nos jardins de Anita,
Ver Mãe, Criança... coisa tão bonita.
 
No viaduto, à hora do rush,
Os transeuntes, pela Carlos Gomes,
Do farol verde, ver mudar a cor:
“Tô com fome, moço, uma ajuda, por favor!”...
Do marrom das folhas, que varrem na pista,
Desvendar os olhos pela Bela Vista.

Rua da Praia, sem mar nem areia,
Passeio de pedras onde a praça ondeia,
Os bancos, os pares, o lilás olor.
Destino apressado para onde for.
O preto no branco, jogo de xadrez,
Guri engraxate chama seu freguês.
 
Nesta capital, Porto dos Casais,
Ave-Poeta não é nada mais
Que lá do Guaíba ver o sol se pôr,
Beira-rio gigante, sangue furta-cor.
Velas desfraldando esperança e sonho.
Velha sinfonia de um dia anônimo.
 
Mas um dia eu volto livre a caminhar,
Pensamento solto, vento a murmurar.
Se a vida de agora é janela e memória,
A Terra nos pede reinventar a história.
Na casa da gente é salva a cidade.
Na calma da mente vive a liberdade.