AH, SAUDADE!

Sobre os risos que rasguei

Tantos seixos, meros descasos

Sentado à beira da praia

Uma rede, uma vida inteira...

De sonhos, de sonhos.

Das irmãs em claro

Quantas chagas, pelo forno

A forja do aço, no morto arco

Uma roda, uma foice

E o tempo agindo, a bisbilhotar.

Sobre os idos que falhei

Deitados, encharcados de gin

Ao toque sereno duma alvorada descalça

- plangente e fina

Uma estampa florida a se ocupar de nada.

Só para chorar de rir

Para me cobrar dos risos que ocultei...

Nessas páginas, átimos salgados

Há de se ter a lebre, ferina e incauta

A gingar à frente do espelho

Um sorriso morno, aferido

Com léguas de imobilidade

Mas, com toda pinta de saudade.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 29/04/2020
Código do texto: T6931933
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.