Quando as cortinas se fecham

Gostaria de pôr mais coisas no "papel",

mas muitas vezes as ideias se vão da mesma maneira que chegam, e deixo as palavras para lá.

A vida me arrasta a cada dia

para longe de tudo isso.

Tudo isso que não sei se amo de verdade.

O corte frio do cotidiano é como um banho de água gelada nas poucas coisas boas que existem dentro de mim.

Penso todas as noites, mas não consigo saber onde aquela pequena centelha fumegante que me guiava está.

Centelha onde se reuniam coisas que não sei explicar muito bem, mas que me faziam erguer o queixo como um filho da puta com COLHÕES, pisando no fogo ao redor e sorrindo. Sabe quando se está afundado em merda, mas ainda sim mantendo a classe e o olhar de desdém? Eu era isso.

É foda essa coisa de acordar todos os dias às 5:30 da manhã pra ir a um lugar que você odeia, fazer algo que você odeia para pessoas que você quer matar. Qualquer um que diga que o trabalho enobrece e blá blá blá é pirado, ou domesticado demais.

E é assim que eles te/me querem, domesticado, perdido.

Perdido, olhei no espelho hoje e meu reflexo era um céu eterno e morto.

Ah, consegui resistir e não comprei a cerveja que sempre tomo todas as tardes no mercado. Me senti puto e contrariado e sorri enquanto voltava para casa sem saber ao certo o que ganhei me privando da minha breja diária...

Tudo isso era só pra dizer que não consigo mais escrever, não com tantas adversidades que surgem todos os dias nem com essa indiferença que transborda de meus olhos.

Acho que quando eu parei de escrever usando caneta e papel e passei a usar o smartphone foi quando tudo começou a murchar.

A tecnologia está me amaciando aos poucos.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 31/07/2020
Código do texto: T7022349
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.