A Falta

Abriu-se o lago, sol encheu, água vazou,

Foi-se pro mar, foi-se pro céu, voou, voou.

Serpenteou lá no deserto, mar de areia, mar espelho

do sol.

Voou, voou e ensaiou vagar, vagar... vaga vagou!

Foi-se pra lua ver a glória das estrelas.

Tornou-se delas a brilhar, brilhar, brilhar,

e gloriar-se junto com Andrômeda.

Foi pra cantar nalgum lugar longe daqui,

longe de mim.

Luz...

Que...

Brilha...

Brilha...

Brilha...

Foi para brilhar,

Pra vicejar e rarear,

nalgum lugar...

Prismar.

Foi pra virar um arco-íris. Eu não te alcanço, ao longe vejo.

Diamante, pérola, donzela, dócil, dolente íris.

Ofusca o brilho em correnteza refletindo a luz.

Fantasiai. Voltai. Sonhai. Voltai a escrever.

Voltai pra cá. Alimentai os ais desse poeta...

Louco...

Rouco de tanto rogar

Aos anjos tantas vezes, tantas, em tantos prantos surdos,

frágeis, lentos, lentos, lentos...

“Dêem-me alento e vicejem o vaso morto,

onde antes florescera o lírio do campo,

o cravo raro, amarela rosa

Tragam de volta

o diamante, o diamante!”