Almoço em família!...

Lenta e covidianamente, aqueles difíceis dias iam passando...

E assim, a cada membro da família alcançado pelo monstrinho vermelho, mais conhecido por Coronavírus, o dito cujo causador da muitas vezes letal Covid-19... o próximo logo era escalado para ajudar a babezinha nas árduas tarefas domésticas, principalmente nas compras diárias dos alimentos, e no preparo das refeições, então mais que balanceadas.

Assim que "deitou" o primeiro, aquilo parecia até roteiro definido, pois quase imediatamente deitaram também a segunda e o terceiro...

...E dá-lhes dores de cabeça, tosse, gemidos e outras dores mais!...

Corre-corre! Aflição! Mais as preocupações do gênero se multiplicando, e todos focados na inusitada situação sanitária, ufa!

Confesso que eu mesmo nem sabia que existiam tantos remédios assim prontinhos, prontinhos para serem comprados e avidamente tomados a exaustão...

Paralelamente aos necessários e prontos cuidados com a turminha adoentada, vieram a natural correria do pessoal do "almoxarifado", da área de serviço, da lavanderia e, principalmente, da despensa e da cozinha. Ah, a cozinha!...

Antes ainda de findar a segunda semana de isolamento da primeira turma, adivinhem quem foi "sugada" pelos bichinhos ecovidianos chineses: Ela, a nossa chefa! mais conhecida como babezinha, talvez pela sua firmeza e seriedade no trato dos interesses da família...

...E adivinhem quem foi promovido a cozinheiro-mor do clã dos Guerini, Lima e Niz.

Ele, o nosso caçula Anderson, por sinal quase já Químico da família, prontamente auxiliado por este que vos escreve o presente relato, ou seja, pelo "velho gagá" da turma, hehe.

Pensem em comida boa e pratos inéditos todos os dias...

Ao ponto da turma chegarem a esquecer de quererem ficar bons logo!... E eu ali, quase correndinho pelas ruas com sacolas de mercado quase cortando até o meu dedo mindinho, tadinho!

E assim foram mais alguns dias...

Ah, sem esquecer também a batalha de consciência que enfrentei na primeira noite de "resguardo" da babezinha... Quando eram já quase meia-noite, e eu ali estava no abrigo, preparando minha cama temporária no banco traseiro do baitinha, tadinho do nosso carrinho, quase mais velho - embora muito mais conservado que eu...

Quando então ali, com os travesseiros, mantinha, cobertor e demais acessórios de dormir, já prestes a deitar sem muito incomodar os demais... Graças a Deus! todos devidamente acomodados e ou isolados pelos diversos cômodos da casa, eis que me veio não pequena inquietação moral e conjugal:

- Afinal de contas, sou homem ou lobisomem? Afinal, e quem cuidou de mim a cada "gripezinha" que tive nestes últimos quarenta anos de aborrido e alegre casamento senão ela, a minha sempre e sempre amada, e mais ainda temidamente respeitada babezinha? E agora, quando ela própria é forçada a um maior período de repouso, eu corro pra fora do nosso quarto? E a minha cantada e decantada fé em nosso Senhor Jesus Cristo?... Pra onde terá fugido a minha fé, no exato momento em que fujo pelas frestas do quarto, medroso de ser também contaminado como ela, nossa heroína familiar?!...

E foi assim que descarreguei o material de dormir e retornei para o meu cantinho ao seu lado...

Afinal, e quem mais, senão o próprio Deus, o SENHOR Onipotente! pode saber como serão os nossos dias a partir de amanhã?

Dois ou três dias após, e eu mesmo, naquele precioso grupo de bons cozinheiros, confeiteiros, cozinheiras e churrasqueiros assimmeioassimcambaleantes, nisso acreditem, fui para a cozinha preparar o almoço...

Lógico que não poderia ficar como a suculenta e deliciosa comida feita por qualquer um deles! Mas como mui bem afirma o Seo Margarido, na gostosa novelinha global Chocolate com Pimenta, aquela dos deliciosos chocolates da viuvinha Aninha, quando ele afirma e reafirmar entusiasmantemente que todas e quaisquer receitas dependem apenas de alguns ingredientes básicos, e de largas e boas pitadas de amor e dedicação, para saírem no ponto exato?

Assim foi... Frigideiras pra cá, panelas e caçarolas pra lá! Logo, logo, e o alho e a cebola bem fritinhos esperavam o arroz para deixá-lo cozido e soltinho de dar água na boca!... Correndo pelas beiradas vieram os demais pratos salgados e doces...

Foi um tal de misturar miojo lamen com linguiça, ovos fritos, beterraba, batata assada e biscoitinhos de chocolate ( Esses, oh tentação dos velhinhos diabéticos! foi o Anderson que fez na véspera...) com Tang preparado na medida exata de UM LITRO de água gelada ( Água! essa preciosidade natural que escasseou em Curitiba há mais de oito meses, aiaiai...) por envelope, recomendada pelo fabricante e quase sempre ignorada pelos pobres clientes feito eu mesmo... Vejam só que feio isso!... quando durante anos e anos a fio, miseravelzinho, eu fazia na medida de dois litros mais uma ou duas formas de gelo para UM envelope de Tang, e ainda reclamava: E não digo que esse refresco está vindo cada dia mais "aguado", gente?

Felizmente o tempo tudo cura ou ajuda a esquecer...

Mas voltando ao almoço que eu mesmo preparei "do feijão ao macarrão", hehe, e não é que depois do corre-corre para distribuir tantos pratinhos e pratarrões descartáveis, mais os copinhos com o cremosíssimo ( um por um, juro! ) refresco Tang com biscoitinhos de chocolate, ouvi nitidamente "alguéns" dizendo que se fosse pra continuar assim no bem-bom, queriam sair urgentemente do quarto de isolamento ou da quarentena da Covid-19?

O que ainda não posso afirmar, oh dúvida cruel! é se tais pessoas queriam sair pra comer mais, bem mais, daqueles meus apetitosos manjares, ou queriam mesmo era fugir pra bem longe do umtantinhopoético cozinheiro de plantão, heheheaiaiaiaiiii...

Riam, meus amados leitores! Pois está mais que provado que RIR ainda é o melhor remédio!!!

P.S.: Dia desses qualquer, se ainda VIVO estiver, aqui prometo convidar um punhado de gente "corajosa" para virem provar meus disputados manjares provisórios, ok?!?

Armeniz Müller.

...Oarrazoadorpoético.