Monólogo de Uma Atemporal

O Monólogo de Uma Atemporal

Nunca tinha estado aqui! Não conhecia o lado de cá, nem tinha saboreado o sabor das maças, a àgua cristalina da fonte, o estar entre arvoredos, serras e montanhas, o prazer do calar de um beijo, o sentir o ígneo da troca de carícias e afagos na cama dos prazeres.

Sabia que existia as cores e o sombreado, mas pelo boca a boca me foi dito que nada era igual a não ser estar em um corpo e viver o noticiado.

Embrenhei-me em um ventre de mulher, e nasci.

Percorri, com a ajuda do veículo corpóreo, o degustar do sabor dos doces, dos licores e das maças. Alimentei-me do estar nos sentimentos sublimes e gloriosos de ser gente.

Paguei caro por amar e ser amada. Vivi só também no revés, o amar e não ser correspondida.

Bebi o cálice amargo no acender de cada dia, que o tempo comia-me. Em seu silêncio trazia seu trabalho no aparecimento das rugas e cabelos brancos

Mesmo assim, a vida vivida não tornou-se indigesta; continuava a ter sede dela,a tinha, era minha, não o corpo em degeneração.

Quando o fim se aproximava, para aquela porção de vida no corpo, onde as janelas da alma escurecia e os moedores perdiam-se na engrenagem, o afã de viver ainda batia na jugular.

Percebi que tinha muito a viver. O Arquiteto da criação não foi modesto comigo.

Mesmo que a máquina corpórea estava indo a falência, em mim tinha tudo.

Ainda Eu me queria para viver, viver tudo de novo.

Mesmo que num novo corpo, num novo tempo.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 19/01/2021
Código do texto: T7163728
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