UNI-VERSO

Num único verso se decifra inconstante o universo. Precisos de calar as portas que não falam, porque então os segredos serão revelados. E revelados não podem ficar, não podem regozijar, não podem moderar... Revelados não podem ficar! Revela atos, resvala colados.

Numa porta aberta escapa colágeno horizonte.

Escapa a fonte.

Escapam os montes,

Escapam as pontes,

Escapa horizonte.

Escapa, deixa escapar, não conte!

Um único verso não se faz de perto. Inconstante, inquieto.

O universo é único, e os versos são do seu tamanho. Escondidos na palma , se acalma,

De fauna, ainda palma das mãos que predizem as portas abertas e não deixam escapar as fontes, horizontes, montes, pontes.

A louca velha torta sentada bebendo uma água poderosa. Nossa loucura brota daquela horta. No verso que é um só não se contam mais que um, desde que seja dois, e único não existe de verdade. E sem par de um mundo inteiro, acompanhado de versos companheiros o universo é único e cheio de versos diversos.

Alegres exalantes deixaram nascer a felicidade.

Nasceu a felicidade,

Nasceu a feliz cidade,

Nasceu a cidade,

Nasceu sem idade,

Nasceu envolta volta e vontade,

Nasceu, deixa nascer que é prosperidade.

De barriga cheia, de alegria cheia, porque contou nas mãos o quanto falta pra eternidade. Mostrando a língua prum infinito de bondade. A tarde late como cachorro sem saudade.

Sem lua,

Só tua, sem lua,

Semi-nua,

Some nua!...

Que o universo é único em versos e felicidade, feliz cidade envolta voltas de vontades.

Douglas Tedesco – 10/2007