O Monstro do Labirinto

Por que as lágrimas ainda vêm? Como ainda são capazes de escorrer de meus olhos? Como pode um coração ainda desejar que esse final, tão óbvio, pudesse ter sido evitado? Juntos éramos um labirinto. E nosso fim era a saída. Quem em sã consciência não desejaria encontrá-la? (Quem dentro do nosso labirinto desejaria ter sã consciência?!)

Nos perdemos nas paredes confusas e nos divertimos em cada esquina. Demos de cara com muitos caminhos sem saída, virou rotina sobreviver a eles. Meia volta e nos afastávamos, cada um em busca da própria salvação. Até que os caminhos tortos do labirinto resolviam brincar de destino e nos reencontrávamos em alguma intersecção. A conexão do olhar bastava para mudarmos de missão. Já não queríamos fugir... Por alguns instantes, tudo era perfeito. Mas o monstro do labirinto rugia e despertava-nos do êxtase. Tínhamos medo, pois nunca víamos o monstro e, no fundo, suspeitávamos um do outro.

A exaustão foi roubando a graça dos bons momentos e suplicava pelo fim. O monstro, em vez de nos devorar de uma vez por todas, parecia guiar-nos para a saída. Saímos de lá contra nossa vontade, mas a favor da sanidade, porque bem sabíamos que se tornara impossível ficar. Acabaríamos devorando um ao outro, ou só sobraria mesmo esse tal monstro para nossa história contar. Será que as lágrimas regam a fonte onde o monstro vai beber? Será que já não chegou a hora de deixá-lo enfim morrer?

Dancker
Enviado por Dancker em 20/01/2021
Reeditado em 21/01/2021
Código do texto: T7164633
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