Só Romeu, só Julieta

No dia em que me libertei de ti, mais do que a leveza da liberdade, senti a dor do sacrifício. O preço era alto, havia algo belo a perder. E perdi. Perdemos. Porque eu precisava ser livre. Porque eu não podia me prender a ti. Porque eu não podia te deixar me prender. Porque a prisão me mataria e levaria consigo a beleza. Nossa beleza inexplicável. Essa união improvável. Nosso sorriso incansável e as divagações sem fim. Eu abri mão de ti porque era o único jeito de me salvar. E de salvar a ti também. Teríamos sido loucos de continuar. Romeu e Julieta que, em nome do amor, acabaram por se matar. Abri mão de qualquer encenação, para te salvar do veneno e me poupar da adaga. Para me poupar da morte e da culpa de destruir nossas vidas. Eu matei algo aqui dentro e sofri porque merecíamos um dia poder sorrir sem pesar. Vive, Romeu! Vive bem, vive livre do nosso impossível! Encontre um amor que não vá te custar a vida. Eu já me desfiz do veneno que não provei em teus lábios. E escrevo não uma carta, pois não lerias. Apenas me liberto nestes versos. Nosso amor virou tão somente poesia.

Dancker
Enviado por Dancker em 16/02/2021
Reeditado em 16/02/2021
Código do texto: T7185385
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