Peregrina

Sou peregrina em terra estranha,

Viajante sem rumo, à procura de abrigo.

De alma nua, corro pelos quatro cantos de mundos alheios.

Um alarido inquieto, me consome por dentro, minha alma caminha em busca incessante...

Já caminhei em terras conhecidas, onde fiz morada por alguns dias, já fiquei querendo partir, já parti querendo ficar...

Hoje não tenho um lugar , sou alguém a procura de descanso para meus pés descalços repousar

Houve um tempo na minha caminhada,

de ritmo contagiante

de estrelas cadentes e versos pelo ar

de coração na garganta, ofegante

de noites quentes, belas noites de luar...

Houve um tempo de vinho, de rosas,

de corpos ardentes...noites de amantes

de abraços, de beijos, de mãos audaciosas...

Houve um tempo de perdas, luto, dor que consumiu pelas idas e vindas, pelo amor que partiu.

Sou peregrina em sentimentos, guardo a dor e o lamento, carrego fragmentos das andanças que fiz, caminho em busca de alento.

Alento para o corpo cansado, coração em retalhos de tudo que vivi, hoje retalhos guardados em mim.

É chegada a hora de descansar, mais uma caminhada quem sabe, mais uma busca, pelo solo sagrado, que sempre estive a buscar, porta aberta, onde possa ficar, um coração peregrino, assim como eu, que me aceite assim, uma alma sedenta, faminta, sem lugar no mundo, que possa ficar, ao invés de me rejeitar.