"A vida é uma passagem, que pode durar uma vida inteira;
Já a morte, uma viagem por uma estrada bem ligeira.
Mas se for justa e honesta, mesmo que um pouco sofrida, poderá até ser eterna, pra sempre e pra vida inteira"

(Marcos Vinício Dias)


Proseando com a morte

Poesiando a vida!



  Depositado corpo sobre leito quente...
  Vai se despindo de vida, embora lateje fartos sentimentos.
  Esquálido, ofegante, quase reticente sopra-lhe, ainda que fraco, querer! Diria, muito querer!
  Esquife a caminho, dolência despedindo-se...
  Mas ainda pulsa sobre si, uma luz que não é sua e que quase não se explica.
  Dor! Que cativa, alimenta seu arremedo final de vida terrena.
  ...que tende à passar, nem que seja no depois, do depois...
  E sempre que 'esta' o vem (a dor), não mais o nutrirá, porque sabidamente não sendo sana, não lhe detém a mania do  pensar.
  Pois, sempre que lateja sua mente, posa-lhe sobre a razão uma borboleta colorida e assídua, aliás, acho que a mesma linda e teimosa de longa data...
  Companheira amada, que por mais 88 milhões de vezes pousou sobre si e de si, ouviu seus incontáveis 'ais'!
  Que sempre fazia-o vir à luz da utopia, um arrebol e um arco-íris, sempre multicor!
  Nunca o abandonando, sempre presente mesmo que em seus dias cinzas.
  Conta nesse instante seus findos pensares, corpo desalinhado e descuidando-se...
  Apesar de nunca comportar nele, o vício insano do tabagismo, nem do pó volátil como nódoa e eiva, a tatuar sua caminhada. Mesmo que marcada tempestivamente por um etílico antissocial, pois nunca se deu a aglomerações.       Depauperou-se mesmo assim o frágil cerne!
 Cansado e cansando das seguidas barretadas e bordoadas, um pouco causadas por outrem, mas reconhecidas outras e na maioria das vezes, por si...
  Vai definhando, agora aceleradamente, por uma coleção de comorbidades juntadas... 
  Adormecendo pelo vilipêndio contextual e que já nem dói tanto mais, essa dor!
  Sinceramente, penso que conseguiu, se não em toda longa jornada, ser lúcido.
  E até acho ao menos, deu para suportar o que sabia que era sua, só sua, a sua dor!

 
-Trocou toda sua dor pelo prazer do convívio com a poesia;
- ...seus momentos de solidão, pela saudade dos seus...;
- ...a vida! Ou sua quase vida, pela aposta da certeza da ETERNIDADE!
Assim sendo, morre um poeta poesiando a vida, enquanto proseava com a morte!!


 
SERRA GERAL
Enviado por SERRA GERAL em 15/06/2021
Reeditado em 15/06/2021
Código do texto: T7279153
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