ÓRBITAS
 
Eu nem sabia, mas vivia no ar... E assim, eu subia a serra para apascentar a solidão. Seguia sozinha até lá... na parte mais alta, pra poder ver o mundo de cima. Lá onde o olhar tocava o horizonte azul.

Quando descia, eu era apenas uma menina como as outras, mas todos aqueles detalhes enchiam meus olhos de maravilhas. Verdes e azuis, ocres e vermelhos... Tons que me acarinhavam e que luziam na imensidão.

E lá embaixo, no sopé da minha vida, eu me estendia sobre aquele tapete de folhas e sonhava com o resfolegar dos dias. Contemplava o azul e aquelas nuvens empelotadas... Colhia as flores desses céus longínquos, astros iluminados em minhas órbitas...

E então, eu sonhava novamente com o rumor de minhas saudades, como sóis de fogo aquecendo sentimentos latentes.  Primaveras, nebulosas... Para onde eu sempre voltava e voltava sorrindo para vê-las.