QUEM NOS DERA...
por Juliana S. Valis











Quem nos dera a sabedoria das águas,

Que simplesmente fluem pela vida,

Passando, sem apego ou rancor, 

Além do medo, no amor dos tempos, 

Nessa correnteza de sonhos e ventos

Que os pensamentos levam,

Em rápidos ou lentos êxtases de sol, 

Que tanto queremos alcançar...






Quem nos dera voar como pássaros, 

Sem ruminar supostas verdades, 

Sem poluir mares e olhares de ontem,

Supondo que amanhã talvez sejamos melhores

Ou piores que nossas versões ilusórias,

Como ondas simplórias que nunca passam, 

E nos inundam numa vaga lógica emocional

Na pretensão iludida de que a razão governa,

Calando o inquieto coração nessa medida do mundo,

Quando lá, no fundo, só a emoção nos canta

Em seu grito mudo, bem maior que o mar !






Pensamos viver sob a égide da "razão",

Mas será que existe essa razão pura ?

Talvez uma ilusão ditada sem refrão,

Impregnada de emoções reprimidas,

Ruminando em águas passadas do mundo, 

Que nem sempre passam entre os véus das vidas, 

Disfarçados em risos ou lágrimas, numa história veloz, 

Como águas que fluem pelas cachoeiras do tempo,

Entre as correntezas que o sentimento escreverá em nós,

Bem além de nada ou tudo que nos traz o vento,

Em cada dia lento de uma longa espera,

Mas quem nos dera a sabedoria das águas,

Que simplesmente fluem, sem qualquer quimera,

Quem nos dera fluir no amor, além da lógica mecânica,

Que na hipocrisia desse mundo impera,

Quem nos dera a sabedoria simples das águas

Entre as correntezas da alma, enfim, quem nos dera.






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