Amor próprio

É evidente que precisamos nos amar mais, de tal forma que não sejamos dependentes de alguém, jogando este fardo pesadíssimo nas costas do namorado ou namorada, do esposo ou esposa.

Mas o que estamos fazendo para nos amar de verdade? Ou será que dedicamos a nós mesmos o mesmo amor que temos dedicado ao outro, aquele mentiroso que diz que ama sem respeitar o ser amado?

O ditado popular diz: "Quem ama, cuida". Por consequência, "quem se ama, cuida-se".

Amor não é apenas um sentimento, mas um comportamento. Não é apenas dizer para si mesmo que se ama e se valoriza, querendo mais enganar a si mesmo do que trabalhando em si os pontos ainda frágeis e que impedem o despertar do ser integral.

Amar-se não é também apenas gritar nas redes sociais e colocar fotos de festas e viagens, numa tentativa desesperada de impressionar, enquanto a alma chora, silenciosa, por falta de alimento espiritual, numa vida vazia e sem compreensão da simplicidade de se ser feliz.

Segundo a psicologia é muito saudável conversar consigo mesmo com sinceridade. É extremamente benéfico elogiar-se na frente do espelho, destacando suas virtudes em detrimento de seus defeitos. Assim como é natura,l quando se está feliz, querer compartilhar isso com pessoas queridas. Mas isso difere de exageros e máscara, que mais representam fugas da realidade.

Amar-se é traçar para si mesmo um roteiro digno e segui-lo, sem desanimar, para alcançar seus objetivos. Com a lucidez de que toda bela construção precisa de tempo para ser planejada e construída.

É respeitar suas limitações, para desta forma poder superar-se sempre. É reconhecer onde se está para ir além.

É construir relações saudáveis, baseadas na reciprocidade, sem a pretensão de salvar ninguém e nem se permitir ser dependente de alguém. É entender que as pessoas são apenas pessoas, como nós mesmos, sem a obrigação de acertar sempre.

Amar-se, com toda certeza, não é tornar-se prefeito ou arrogante e nem mesmo se esquecer da sua condição de ser sociável. Nem achar que pedir ajuda às vezes é algo vergonhoso. Mas é trabalhar incansavelmente a si mesmo para que a sua história digna o mantenha em pé nos momentos difíceis e que a maior parte do seu tempo seja preenchida por uma felicidade de uma alma útil e realizada.