Versos disformes

Sinto uma estranheza nos meus versos, como se quisessem escapar das minhas mãos, vivo a busca-los num tempo perdido, onde eram movidos pela paixão, das mãos ansiosas que transbordavam, emanando inspirações.

Neste pleito, tento extinguir-me, virar-me do avesso, sacudir memórias divagas pra acordar algo que jaz adormecido,

tento reacender as labaredas que crepitavam dando voz ao imenso vazio.

Mas todo esforço é vão, meus versos estagnaram, não consigo senti-los, eles recuaram para o abismo que habita em mim sem estímulo, disformes, sem rumo.

Os versos, fogem desse aprisco, como bicho acuado, arisco, vivendo nas sombras, comendo sobras de palavras mortas, sussurrando em meus ouvidos, idéias sem sentido.

Como queria uma vez mais sentir o pulsar desses meus versos desconexos, sentir as palavras certas transbordarem pelos dedos, sentir-me viva no expressar de algum sentimento...mas só ouço ecos.

Estou eu a vagar, à procura do que se perdeu, de tudo que com o vento dissipou,

em busca de algo que o tempo apagou

que faça-me pulsar em cada linha escrita, trazendo-me de volta, o fogo que aquece minha poesia.