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Por sobre as flores iguais marcadas no orvalho, nos céus da noite aberta por onde jorram segredos, surge você, lírio cor de vereda, que irrompe na mata virgem e cria espectros de um olhar que assombra.
Nascem rios em tua sombra, crescem arbustos do teu alvorecer.
Em silêncio, eu traço rotas por onde seguem enluaradas as minhas nascentes, o vórtice do vento que sopra meu rosto, vertendo firme por onde brotam tuas águas.
Teu cheiro me prende nas entranhas da tua pele, e o sangue corre nos rios cansados de meus braços enquanto eu sonho acordado.
Todos dormem - eu, não.
Sorrisos inteiros são estepes por onde cavalgam meus devaneios, minhas fantasias, meus movimentos - e eu vos crio, ensaio, dedilho, enquanto pousas tua língua na minha.
Invado a víscera, a fibra, no toque da epiderme que inspira e exala, na luz que desponta do nascer dos teus cabelos lindos.
O sol se ergue para te ver sorrir e pensar.
Enxergo Gibrans nos sulcos de tuas pálpebras, e vivo, vibro, nasço.
Enquanto despetala as flores e esparge olências nos ares da noite ampla, esboço um novo riso ao colocar-te em cada canto do meu mundo.