Sortilégios

 

Do berço de madeira saltei logo cedo

Havia um sentido, um direcionamento,

Vários porquês para o acontecimento,

A porta do mundo tinha seus segredos.

 

Dos irmãos seria a mais velha de todos ,

Quatro comigo barrigudos e sofridos.

Nascido do Norte do destino escondidos

Por mais que fugissemos estava contido.

 

Contido no rótulo das vidas indefesas

No conta-gotas das incertezas.

Seguimos em frente agarrados a ele.

O velho destino e seus sortilégios.

 

Então só restou aceitar a missão,

Ser arrimo de família plantar a razão,

Ser pai, ser mãe dos irmãos barrigudos

Dar-lhes cuscuz , arroz , pão e tudo.

 

Vender cocada, roupas usadas e bolo,

Vender desejo como barcos de papel

Para as crianças inocentes do povo

Catava esperanças e mas feiras restos.

 

Enquanto isso seu pai adoecido e ébrio

Trazia debaixo do braço pães amassados.

Vinha com ele a sorte de todos em ritmo

Lento, triste e descompassado.