Por que não esquecer?

As acusações a mim, se não são levianas, certamente partem de pessoas com pouca ou nenhuma sensibilbidade ou de indivíduos que não conhecem a minha história, o meu caminho, o meu percurso.

Quase sempre recebo xingamentos, dizem que sou atrevida, que pouco me importo com outras vidas. Eu tento, de todos os meios, viver bem com cada pessoa, cada família, mas em certos momentos, forçam-me a perder a paciência.

Quem de vocês suportaria viver uma vida sendo desprezado, achincalhado, humilhado constantemente? Alguém acha ser fácil? Nenhum ser humano, mesmo vivendo nas piores condições, aceita ser tratado com desdém.

Aqueles que já viveram mais tempo do que muitos de vocês e talvez me conheçam um pouquinho mais, sabem o quanto gosto de que meu espaço seja respeitado.

Aceito o diálogo, sem que haja provocação. Quero viver de bem com tudo e com todos.

Desde o princípio de minha existência, sou daquele tipo que não leva desaforo para casa. Quem mexe comigo deve assumir as consequências.

Há momentos que me levam a invandir casas sem que esteja ocorrendo um crime e mesmo sem ordem por escrito de um juiz. Viro, reviro todos os cômodos, com muita curiosidade, atrevimento para alguns, sem dó nem compaixão para outros. Entro e vasculho até os lugares mais íntimos de uma casa, como, por exemplo, banheiros, guarda-roupas e, com raiva, eu acabo espalhando tudo que encontro pela frente.

Minha atitude, meu comportamento, minha valentia, tudo é resposta de como muitos vêm me tratando.

Eu deixo que o tempo delete da memória de muita gente as minhas marcas, as cicatrizes, mas uma coisa é certa: posso até demorar, todavia retorno quando a maioria sequer se lembre do que sou capaz e cobro tudo, entenda: TUDO.

Não ajo com covardia ou crueldade como ouço de pessoas, as quais deviam ter respeito e sensibilidade comigo.

Meu discurso é fácil de entender: respeite meu lugar, que prometo não ir além do que é meu por direito.

Quando penso que por negligência de uns, eu tenho que tirar o sossego de outras pessoas, fico triste, choro, lamento, entretanto não tenho como sair fazendo escolhas. Sem ser um desejo meu, acabo punindo inocentes que nem me aborrecem tanto.

Sou alguém que queria passar por qualquer lugar sem causar transtorno, tampouco ser desdenhada por indivíduos que perderam todos os seus limites.

Há, aos milhares, gente querendo viver no conforto, para tanto, porém, atrapalham a minha vida.

Aqui termino minha reclamação, meu desabafo ou até meu "mimimi", último termo muito na moda, mas não posso esquecer um recado às novas e futuras gerações: não invadam meu território em busca de satisfação, desejo pessoal, até com exagero, posso dizer: por ganância de ter mais do que o outro a fim de tirar "onda de bacana".

Eu voltarei quando vocês menos esperarem e retomo o meu lugar. Até breve ou até que o esquecimento volte a tomar conta de suas mentes outra vez.

Com respeito, pesar e muito aborrecida: A água.

ERALDO CUNHA
Enviado por ERALDO CUNHA em 14/01/2022
Reeditado em 25/01/2022
Código do texto: T7429649
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.