CHAPADA DOS GUIMARÃES
CHAPADA DOS GUIMARÃES
Elizabeth Fonseca
É um mistério pairado no ar.
Linda, exuberante e imperiosa
Quantos milênios e quais civilizações
Viveram e deixaram seus enigmas
Deixando nas pedras indagações !
Os chapadões se avultam ao olhar
Exibindo uma fortaleza em paredões.
Logo mais, em meio ao cerrado, se vêem
Lindas esculturas, ante o tempo em lapidações.
E as cachoeiras descem a Chapada murmurando,
Evaporando em névoas com exuberância
Com indomada força, na queda em estrondo.
Lá estão elas, as lindas noivas da serra.
A Salgadeira, a Cachoeirinha, o Véu de Noiva ...
Numa queda vertiginosa é a noiva mais bela
Escondida na mata, desce o paredão,
Solta ao ar, serena, fascinante e airosa
Como num enlace, contida de emoção
No acorde dos pássaros, sinfonia radiosa.
A Chapada oculta seus mistérios,
A cidade de pedras, por exemplo,
É uma indagação ... seriam Incas, os primeiros ?
Tudo tem forma milenar ... atraente templo,
Aberto ao céu, onde o místico é verdadeiro
Curando o corpo e a alma, crendo em oráculo
Que o pequeno ser busca na fé, como derradeiro.
Ainda do mirante, as esplendorosas colinas
Que tangem o céu numa beleza sem par,
Que o firmamento parece um globo a cobri-las.
O vento forte se agita e mesmo assim é paz.
Que mais desejar desta vida, a contemplá-la !
Estar em pleno Éden do raiar do sol ao luar !
Um anonimato de Deus, que mais falar ?!
A Chapada foi mar um dia, e não é saga.
Descoberta de fósseis marinhos, vegetações
E ainda das tribos errantes, as inscrições
Privilégio de ser o reduto do lobo guará.
Acorda a Chapada com a neblina que a descortina
E adormece com as estrelas que a beijam e iluminam
Para zelar, que o paraíso perfumado fique lá.
* Do livro Retalhos da Vida