UM FOTOGRÁFICO RESQUÍCIO
Por Juliana S. Valis


Vislumbrei uma câmera para fotografar-te,

Amor eterno, nosso terno e irremediável vício,

Tu és a nítida razão de toda a arte,

Tu és o êxtase de uma aurora sem resquício,

Tu és o sonho de um verso que combate

O ardor disperso nesse mundo, em desperdício...

E vendo um artifício profundo que reparte

O sentimento abstrato que no mundo havia,

Contemplei o vento breve da verdade,

E tirei do tempo uma leve fotografia!

Pois quando o vento sussurrava à tarde,

Pedindo, além de uma ilusão vazia,

Que a vida pudesse ser bem mais que alarde,

O amor, de fato, reaparecia,

Além do insensato limiar que invade 

Esse mar de segredo em cada breve dia, 

Nosso olhar nos pede, seja cedo ou tarde, 

Da vida, a mais autêntica fotografia.

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