meu coração, coração.

Quando naquela manhã o coração balançou e se apertou entre dois sufocos, pensei que, olhando em frente, os azuis, os verdes e as pedras, eles seriam a derradeira oportunidade de quem vê e olha a vida, pela ultima vez.

Lembro aquele momento como se fosse uma despedida.

Sentida, triste, amargurada.

Nele e de forma fulminante, lembrei os que habitam, em mim, e fizeram o meu mundo.

As palavras que emergiram como sensação viva e permanente de chegar mais além, aos sentimentos perpetuados em cada gesto, em cada lembrança, foram como que um diluvio.

Como foram longos aqueles brevissimos momentos em que a respiração se cortou e a vida pareceu distante...

...E que recordações nos assaltam e tomam a respiração que nos falta...

Naquele instante lembrei tudo e todos, como se a metáfora do tempo fosse um mero passajar no instante amordaçado...

Aquela manhã foi terrível...

...E eu, num esforço titânico, olhando o espaço vazio que me rodeava, pensava em todos quantos não estando ali, poderiam, dando-me sua mão, dizer: Estamos aqui!

Quando, mais tarde, na marquesa da cirurgia, computadorizado por inumeros fios e visto por não sei quantos monitores, tudo se vi-a sobre meu coração, senti que os meus sentimentos estavam sendo profanados no recôndito dos meus segredos, só porque o deleite do fumo iludiu minhas expectativas, traindo o prazer e o meu bem estar.

Hoje, na distancia próxima, ficaram os dias de sobressalto, ficou esse pesadelo interrogativo de saber o que será depois.

Depois...agora, amanhã...

Essa indefinição arrogante, essa expectativa adiada de cada dia valer pelo que vale e cada sentimento continuar a ser o que é.

Afinal, ser o que sou.

A palavra de sobressalto, que brotando de mim, deixa o dia e a recordação de hoje na história do dia de amanhã...