19 de outubro de 2007
Nesta noite, o sono se foi, de crina erguida, os meus olhos, feito ave noturna, e os ouvidos, feito quero-quero, sentinela.
Lembro, que não sei tocar viola, pra chamar o sono, que se foi.
Uma secura na garganta, faz-me ferver o sangue, então, num salto me levanto, e vou direto ao fogão, preparar um chimarrão!
E quando a chaleira chia, principio o chimarrão, feito com a erva mais verde e mais bagual, melhor, do que mate de barão.
Enquanto o sono não vem, a saudade, despacho em cada lembrança.
Um galo distante anuncia, a madrugada já alta.
Abro a janela da noite, e lá no céu as estrelas, despem o manto da noite e a estrela d’alva anuncia:
- Já não demora, sangrar o novo dia.
Solita, à soleira da porta, escuto o roncar do dia.
É gostoso assistir, o nascer do sol, entre o amargo tragado da saudade, e a ilusão dos sentidos, recordando o tempo vivido.
O chimarrão macanudo, vai refrescando o sangue, aliviando a saudade, curando doridas feridas, como água fria de sanga, sobre a pele ressequida.
E como cangote de potro, o peito arqueia e estufa, num suspiro dobrado, espantando de vez, o sono.
As ventas, gulosas saboreiam, o cheiro gostoso do despertar, da madrugada.
Ah! Coração velho!
Penso e descubro, porque hoje estás de vigília:
- Ouvistes as vozes dos anjos, que em Alerta! Vigia! Anunciam!
- Meio século de vida hoje!
- Parabéns! E te prepara para um novo dia!