Como num filme

Madrugada, lembrança grudada em palavra, era preciso escrever.

Do tempo de nós, crianças, nossa mãe lavando roupa, mexendo o feijão no fogo de lenha que a gente buscava na serraria. Brincando de espada, um pedaço de pau era puro aço para nós.

Crescidos, eu, voltando de Valpa, abrindo o seu quarto, você não estava; só as mulheres desnudas da parede e do teto. Deixei uma letra, você colocou a música.

Uma noite alta, quente, eu, sentada na calçada, você olhando por sobre o muro. " O que você está fazendo aí?" "Tem 'mir' baratas no meu quarto." Um inseto voara,outro aparecera sobre o guarda-roupa. Você improvisou a troca de quartos; o sono fez dormir o pavor.

Já aqui, você chegando com as pizzas e um amigo; viera me visitar.

De outra feita, você chegando em dia de terço e reza, eu apresentando, com orgulho, você aos amigos:"Este é meu irmão."

Nem contava que, mexendo na Internet, cavoucaria também o meu peito, revirando lembranças, como faziam as idas cartas manuscritas.

Amo você, meu irmão. Beijos. Neu

Em homenagem ao meu querido irmão, Beto.

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 08/12/2007
Reeditado em 28/11/2009
Código do texto: T769303
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