Ameronegroindia

Ameronegroíndia

Do dia de triste memória lembro-me ainda

(Oh Deus quisera eu um dia, poder esquecer!)

Quando ancorou nas águas rasas de sua baía

As naus errantes buscavam o caminho das Indias

Em noites de luas inteiras solitário sopra o vento

Encrespando a água prateada do oceano

Ouco calado os lamentos tantos e os gemidos,

Recordo eu, recorda a noite a morte de seus filhos

Sobre o chão de barro ao redor de uma fogueira

Rezou, cantou, dancou o curandeiro

Suplicou desesperado a Ghono-e-no-odi

Salvaguardar o corpo macio de seus guerreiros

Contra o pau de fogo do branco forasteiro

E na luta da necessária liberdade

Impiedosamente mortos foram os Tupamaros,

Xavantes, Ofaiés, Bororos, Terenas, kadwéos

Os Guaicurus, Guaranis-kaiowás, Ianomânis,

Que araraviviam felizes o continente

Um rastro de sangue quente, vermelho vivo

Vazou dos buracos de balas que transpassaram

O macio peito de passsarinho de seus filhos

Envermelhou as cores de seus mares

Tingiu de vinho as cores límpidas de seus rios

As terríveis bandeiras, o roubo do ouro, das gemas

Espelhos, colares, micangas coloridas

O estrupo das meninas ,as febres, as doencas venéreas

(Manso) __ Aceite filho o Pai, o Filho e o Espírito Santo!

(Colérico) __Renuncie pagão ao teu nome de batismo!

(Doce)__ Com o poder concedido pela Santa Sé

Com a graca e o poder de Deus eu te batizo!

Oh minha América minha màe de trágico destino

Dos negros contrabandeados, escravizados, acoitados

Dizimados, degolados na guerra sangrenta dos Palmares

América de Allende, Guevara, Victor Jara, Rubens Paiva

De Herzog,, Zumbi, Marcal, Chico Mendes e Lamarca

Vilipendiada, estrupada, ultrajada, saqueada

No aviltante calabouco, banho gelado, choque elétrico

Chute no saco, unha arrancada, tapa na cara, pau de araral

Conspiracões, falsidades,exílios, meias verdades

Degredos, traicões, provas forjadas,

Confissões subtraídas sob a insignia da tortura

Tempos de excecões, silêncio, ditadores sanguinários,

Seu lamento avanca tempo, a fome assola o estomago

Oh América minha mãe de tanto sofrimento, de trágico destino

Quanto tempo ainda sob a terra rica e gentil

Seu filho mestico, em meio a tanta riqueza, ainda vai morrer de fome?