Ode aos poemas

Oh Lágrimas, borboletas dolorosas

correndo milhões de léguas nesse rosto

que o pranto fez um gigante sensitivo.

Às vezes penso, para que tanta emoção

meu peito tão minúsculo destroçar,

de um passado cuja saudade alucina,

pondo-me nas águas torvas da imaginação?

Tanto quis um pouso,

oh Anjos, tangei sinos que me acordem

dessa neblina de amor, quero ainda um perfume

para me relembrar do sândalo

e das carnes gemendo paixão.

Nada almejo que não seja a melodia das chuvas,

daquelas que sorriem à qualquer solidão

e com seus enormes braços de afago

não me afoguem em flores sem jardim.

Oh Poemas, não me semeeis na nostalgia

que vos prefiro voltando ao livro e aos poetas,

esvaziando meu coração farto de emoção,

para lhe caberem os rios cantores vagabundos,

cheios de andorinhas chovendo pelas asas,

com riso no bico derramando uma papoula.

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 20/01/2008
Código do texto: T825056