Descompletude

Vida que segue o complexo da ausência sem um elo capaz de compor o vazio desta já putrefada consciência. As memórias escorrem até o rio, mas ninguém sabe como chegar à nascente.

Quem disser que este processo é coerente, não sabe que a única direção possível é ser levada pela corrente do indizível.

Nem mesmo o sol pode aquecer as idéias, quando a pele já congelou o desprezível e o sangue já raleou pelas artérias.

A vida que resta a este pálido ser, é o antes presentificado no agora. Tudo o que o futuro poderá trazer, será incapaz de reconstruir a matéria que nos foge. No devir, restarão os sons sussurrados para serem capturados por ouvidos surdos.

Brenda Marques Pena
Enviado por Brenda Marques Pena em 11/04/2008
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