PROVÉRBIOS MINEIROS VIII – J B PEREIRA - 27/12/17.

“Peça a Mãe,

O Filho atende.”

Mas, tem gente

Que não escuta

E nem pede,

porque tem pouca fé.

“O bule é de pôr café

O padre bom é muita fé.”

“Quanto mais reza

Mais sombração aparece.”

Porque incomoda o encardido.

“O padre-nosso é cajadada ao demo.

E Ave-Maria é Rosa à Mãe do Céu.”

O rosário é tantão de flores à Maria,

Mãe do Salvador.

“Com dedo coze

Com dedo é ferido.

Na almofada servo

Para conjurar o mardito.

Com três Padre-Nossos

e três Ave-Marias assunta

Mãe de Deus e Anjos da Guarda

Para me livrar desse medo

Invoco Jesus, O Nosso Senhor.

Em nome do Pai, do Filho

E do Santo Espírito. Amém”

“Para bom entendedor

Pingo é letra.”

Vírgula é pausa.

“Um burro quando fala

Outro espicha a orelha.”

“Marrar boi

Com embira

É medida a toa.

Ele se atira entre

Madeiras e até que fira.

É dizer para a criação

pode embora.”

“Mais vale uma colher de mel

Que um barril de fel,

Para pegar abelhas.”

“Quem espera sempre alcança.”

Ou cansa? Lança-se!

Surpreenda-se.

“Quem come quente

trinca os dentes;

queima a boca.”

“Quem brinca com fogo,

Sai queimado.”

“Criança que brinca com fogo,

Mixa na cama.”

Ou “bota tição no mato”.

Tem crianças incendiárias,

Os adultos ficam desconfiado...

“Siga os moleques, sinhá,

Pois está abrontando”, talvez.

“Quem tem pressa

Come cru”! e tem dor

Do estômago.

“Quem gosta do feio

Bonito lhe parece.”

"O sujo falando do mal lavado"

O focinho se orgulhando

Mais que o nariz

Do catarreio.

“É tão negro

Que até os dentes

Brilham.”

“Quem não tem cão

Com gato caça.”

“É melhor um amigo cão

do que um cão amigo.”

O inimigo faz contigo

Quando fala teu defeito

E os amigos fingem

Que você é perfeito.

“Vendedor desonesto

é fura olho;

O preço dele é chupa olho,

Eu não compro dele não.’

“Rico pensa que tudo pode,

Pobre tudo suporta.”

Um afasta de Nosso Senhor,

Outro implora a Deus por Amor.

“Aos amigos, tudo;

Aos inimigos, a lei.”

Político corrupto

É safado e sem-vergonha,

Não vai pro céu, seu lugar é no inferno.

“Tá tudo com o Tição...”

“Canalha se faz de bufão (sonso, tolo, bolo)

Para viver.

É que nem boi manso,

Arromba curral,

Quando menos se vê.”

Mulher moura

Trabalha muito,

Não vive à toa.

Mulher fiel é ouro;

Filha boa é prata;

Casa honrada

Tem nome na calçada.

Se cada um varrer seu passeio,

Não haveria sujeira o ano inteiro.

“O soneto ficou pior que o refrão.”

Não é qualquer um que sabe

Arresolver esta questão.

No cruzeiro

Coloco as flores

Para lembrar

Do meu amor

E sonhar que

Um dia se for

Eu não o esquecerei.

Mulher nova

É inexperiente;

“Perde a tiana” logo.

Quando encontra

homem safado

e sacana.

Mulher velha,

entretanto,

Tudo suporta

Tem santo no oratório,

escapulário e medalhas,

água benta e santinhos,

“e sabe tirar água da rocha.”

Porteira velha

Despenca e exige cuidados.

Porteira nova,

Que nem carro de boi,

Canta na inverna,

Quando bate no moerão.

Caba pasto tem seu mata-burro,

Cada ranço seu dono,

Cada córrego, sua pinguela,

Mas meu coração

Ficou sem ela.

No carvalho,

Escrevi o nome dele

Para o tempo

Não apagar

Minha decisão

De esquecer

O meu amor.

Homem folgado

Tem mulher atarefada.

Ele se indispôs

Com o vizinho

Agora paga caro

A desfeita

Com a rua

E a alma

Não se ajeitam

E sem paz e

Desassossegadado

Não consegue dormir

Nem um pouco.

De grão em grão

A galinha enche o papo.

De tijolo e tijolo,

Compadre Zé

Levanta o Chalé.

De bem e bem

Ele fica enjoado.

De amor e amor

Ele é agraciado.

De dor e dor

A patroa incomoda

O pobre labrador.

“Pimenta dói

No olho do outro.”

Não é a quantidade

De amigo que engrandece

A amizade,

É a qualidade!

Pobre quando tem carne

Tira a barriga da miséria.

Pensa ser dia de guarda!

Domingo e Passagem de Ano.

Come tudo!

Alguns repartem; outros não!

Dá até caganeira.

Rico tem sofá

Pobre tem tamborete.

Rico tem guarda-chuva,

Pobre tem guarda-sol.

Rico tem banco de dinheiro,

Pobre tem colchão duro.

Rico tem presente,

Pobre quer sorvete.

Rico gosta de maria-mole,

Pobre não enjeita pé-de-moleque.

Rico engorda,

Pobre emagrece.

Rico manda,

Pobre obedece.

Rico viaja,

Pobre vai até ali.

Rico extasia,

Pobre arrepia.

Rico sonha,

Pobre fantasia.

Rico quer,

Pobre aprecisa.

“Em vez de enfezar”,

fazem abrir um redemoinho

na gente, que finge que não

é nada...

“Não confunda alhos com bugalhos.”

____

OBS: Bugalho é uma saliência de forma arredondada que se forma em algumas espécies de árvores do género Quercus (carvalhos, sobreiros e azinheiras) na sequência do depósito, num dos seus ramos, de um ovo de vespa. A vespa desenvolve-se e alimenta-se no interior do bugalho, onde passará por todas as fases das suas metamorfoses: larva, ninfa e adulto.

https://www.dicionariopopular.com/trocar-alhos-por-bugalhos/

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, Vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Revelação do subúrbio. In. Sentimento do Mundo. 4ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2004.

___________________

A sátira na poesia de Gregório de Matos Guerra: uma análise da natureza da sátira na visão crítica de Lukács Fernanda Diniz Ferreira

http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/766.pdf

CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O ÁGAPE COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa;

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; ("carepa" - caspa, sujeira)

Com sua língua ao nobre o vil decepa; ("vil" - o que não presta)

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje a mão, ontem garlopa;

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,

e mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Notas:

Mostra o patife da nobreza o mapa – exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.

Bengala na mão, ontem garlopa – metonímias da condição humana, opostas ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice de trabalho braçal).

Vazo a tripa – tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, i.e., a fidalguia baiana sem tradição.

(Extraído de MATOS, G. de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas José Miguel Winsky.

9 ed., São Paulo: Cultrix, ano 9, p. 42)

Notas dos poemas acima de Gregório de Matos, 1636-1965.

Poemas escolhidos; seleções-

organizaçãoJose Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia

das Letras 2010

“Peça a Mãe,

O Filho atende.”

Mas, tem gente

Que não escuta

E nem pede,

porque tem pouca fé.

“O bule é de pôr café

O padre bom é muita fé.”

“Quanto mais reza

Mais sombração aparece.”

Porque incomoda o encardido.

“O padre-nosso é cajadada ao demo.

E Ave-Maria é Rosa à Mãe do Céu.”

O rosário é tantão de flores à Maria,

Mãe do Salvador.

“Com dedo coze

Com dedo é ferido.

Na almofada servo

Para conjurar o mardito.

Com três Padre-Nossos

e três Ave-Marias assunta

Mãe de Deus e Anjos da Guarda

Para me livrar desse medo

Invoco Jesus, O Nosso Senhor.

Em nome do Pai, do Filho

E do Santo Espírito. Amém”

“Para bom entendedor

Pingo é letra.”

Vírgula é pausa.

“Um burro quando fala

Outro espicha a orelha.”

“Marrar boi

Com embira

É medida a toa.

Ele se atira entre

Madeiras e até que fira.

É dizer para a criação

pode embora.”

“Mais vale uma colher de mel

Que um barril de fel,

Para pegar abelhas.”

“Quem espera sempre alcança.”

Ou cansa? Lança-se!

Surpreenda-se.

“Quem come quente

trinca os dentes;

queima a boca.”

“Quem brinca com fogo,

Sai queimado.”

“Criança que brinca com fogo,

Mixa na cama.”

Ou “bota tição no mato”.

Tem crianças incendiárias,

Os adultos ficam desconfiado...

“Siga os moleques, sinhá,

Pois está abrontando”, talvez.

“Quem tem pressa

Come cru”! e tem dor

Do estômago.

“Quem gosta do feio

Bonito lhe parece.”

"O sujo falando do mal lavado"

O focinho se orgulhando

Mais que o nariz

Do catarreio.

“É tão negro

Que até os dentes

Brilham.”

“Quem não tem cão

Com gato caça.”

“É melhor um amigo cão

do que um cão amigo.”

O inimigo faz contigo

Quando fala teu defeito

E os amigos fingem

Que você é perfeito.

“Vendedor desonesto

é fura olho;

O preço dele é chupa olho,

Eu não compro dele não.’

“Rico pensa que tudo pode,

Pobre tudo suporta.”

Um afasta de Nosso Senhor,

Outro implora a Deus por Amor.

“Aos amigos, tudo;

Aos inimigos, a lei.”

Político corrupto

É safado e sem-vergonha,

Não vai pro céu, seu lugar é no inferno.

“Tá tudo com o Tição...”

“Canalha se faz de bufão (sonso, tolo, bolo)

Para viver.

É que nem boi manso,

Arromba curral,

Quando menos se vê.”

Mulher moura

Trabalha muito,

Não vive à toa.

Mulher fiel é ouro;

Filha boa é prata;

Casa honrada

Tem nome na calçada.

Se cada um varrer seu passeio,

Não haveria sujeira o ano inteiro.

“O soneto ficou pior que o refrão.”

Não é qualquer um que sabe

Arresolver esta questão.

No cruzeiro

Coloco as flores

Para lembrar

Do meu amor

E sonhar que

Um dia se for

Eu não o esquecerei.

Mulher nova

É inexperiente;

“Perde a tiana” logo.

Quando encontra

homem safado

e sacana.

Mulher velha,

entretanto,

Tudo suporta

Tem santo no oratório,

escapulário e medalhas,

água benta e santinhos,

“e sabe tirar água da rocha.”

Porteira velha

Despenca e exige cuidados.

Porteira nova,

Que nem carro de boi,

Canta na inverna,

Quando bate no moerão.

Caba pasto tem seu mata-burro,

Cada ranço seu dono,

Cada córrego, sua pinguela,

Mas meu coração

Ficou sem ela.

No carvalho,

Escrevi o nome dele

Para o tempo

Não apagar

Minha decisão

De esquecer

O meu amor.

Homem folgado

Tem mulher atarefada.

Ele se indispôs

Com o vizinho

Agora paga caro

A desfeita

Com a rua

E a alma

Não se ajeitam

E sem paz e

Desassossegadado

Não consegue dormir

Nem um pouco.

De grão em grão

A galinha enche o papo.

De tijolo e tijolo,

Compadre Zé

Levanta o Chalé.

De bem e bem

Ele fica enjoado.

De amor e amor

Ele é agraciado.

De dor e dor

A patroa incomoda

O pobre labrador.

“Pimenta dói

No olho do outro.”

Não é a quantidade

De amigo que engrandece

A amizade,

É a qualidade!

Pobre quando tem carne

Tira a barriga da miséria.

Pensa ser dia de guarda!

Domingo e Passagem de Ano.

Come tudo!

Alguns repartem; outros não!

Dá até caganeira.

Rico tem sofá

Pobre tem tamborete.

Rico tem guarda-chuva,

Pobre tem guarda-sol.

Rico tem banco de dinheiro,

Pobre tem colchão duro.

Rico tem presente,

Pobre quer sorvete.

Rico gosta de maria-mole,

Pobre não enjeita pé-de-moleque.

Rico engorda,

Pobre emagrece.

Rico manda,

Pobre obedece.

Rico viaja,

Pobre vai até ali.

Rico extasia,

Pobre arrepia.

Rico sonha,

Pobre fantasia.

Rico quer,

Pobre aprecisa.

“Em vez de enfezar”,

fazem abrir um redemoinho

na gente, que finge que não

é nada...

“Não confunda alhos com bugalhos.”

OBS: Bugalho é uma saliência de forma arredondada que se forma em algumas espécies de árvores do género Quercus (carvalhos, sobreiros e azinheiras) na sequência do depósito, num dos seus ramos, de um ovo de vespa. A vespa desenvolve-se e alimenta-se no interior do bugalho, onde passará por todas as fases das suas metamorfoses: larva, ninfa e adulto.

https://www.dicionariopopular.com/trocar-alhos-por-bugalhos/

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, Vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Revelação do subúrbio. In. Sentimento do Mundo. 4ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2004.

___________________

A sátira na poesia de Gregório de Matos Guerra: uma análise da natureza da sátira na visão crítica de Lukács Fernanda Diniz Ferreira

http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/766.pdf

CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O ÁGAPE COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa;

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; ("carepa" - caspa, sujeira)

Com sua língua ao nobre o vil decepa; ("vil" - o que não presta)

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje a mão, ontem garlopa;

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,

e mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Notas:

Mostra o patife da nobreza o mapa – exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.

Bengala na mão, ontem garlopa – metonímias da condição humana, opostas ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice de trabalho braçal).

Vazo a tripa – tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, i.e., a fidalguia baiana sem tradição.

(Extraído de MATOS, G. de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas José Miguel Winsky.

9 ed., São Paulo: Cultrix, ano 9, p. 42)

Notas dos poemas acima de Gregório de Matos, 1636-1965.

Poemas escolhidos; seleções-

organizaçãoJose Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia

das Letras 2010

https://pt.scribd.com/document/275108952/Poemas-Escolhidos-Gregorio-de-Matos

Gregório de Matos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTAS: Mapa: entenda-se o verso: exibe árvore genealógica;

vazo a tripa: defeco, chulo 'estou cagando', isto é 'pouco me importo’.

https://www.escritas.org/pt/t/12357/contemplando-nas-cousas-do-mundo-desde-o-seu-retiro-lhe-atira-com-o-seu-apage-como-quem-a-nado-esc

__________

Nos dois quartetos, Gregório critica aqueles que falam mal dos outros, sendo que têm muitos outros defeitos.

Podemos ver até uma paráfrase do ditado "O sujo falando do mal lavado" no verso "Quem menos falar pode, mais increpa". Ainda no segundo quarteto, vemos uma crítica aos oportunistas, àqueles que pretendem descender de uma linhagem nobre, fraudando a genealogia. Já no primeiro terceto, temos uma metáfora no verso "a flor baixa se inculca por Tulipa", em que a flor baixa representa o vulgar que quer aparentar uma condição nobre, como a Tulipa.

No segundo verso, a bengala é índice de nobreza, ao passo que a galorpa, instrumento de carpinteiro; ou seja, condição mais humilde. O poeta critica também a rápida ascensão social dos arrivistas e, em outro verso, "mais isento se mostra, o que mais chupa", os que mais cometem delitos e querem aparentar inocência.

No último terceto, em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", vazar a tripa significa defecar e os rumores dos gases intestinais são sugeridos pelas aliterações cortantes dos tr...tr...tr. E no úlitmo verso, ele reagrupa as rimas usadas ao longo do poema que sugerem o som dos excretos caindo.

http://pt-br.mouse.wikia.com/wiki/CONTEMPLANDO_NAS_COUSAS_DO_MUNDO_DESDE_O_SEU_RETIRO,_LHE_ATIRA_COM_O_%C3%81GAPE_COMO_QUEM_A_NADO_ESCAPOU_DA_TORMENTA

Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição,

Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00951.html

__________________

Gregório de Matos e Guerra (Salvador possivelmente em 1636 - Recife 1695) Nasceu em uma família abastada de proprietários da administração colonial. Estudou nos colégios jesuítas e, posteriormente, prossegue os estudos em Coimbra, sendo graduado em Cânones (como se chamava o estudo de Teologia na época). É considerado o maior poeta barroco do Brasil. Por seu estilo satírico e ousadia por criticar a Igreja Católica, ficou conhecido por Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2009/10/contemplando-gregorio-de-matos-229218.html

Dados da Aula - Iniciação ao estudo do Barroco literário.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24624

______________________

Queixa da plebe ignorante e perseguidora das virtudes

http://poeticatecnologica.blogspot.com.br/2011/05/gregorio-de-matos-1636-1695.html

http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf

Que me quer o Brasil, que me persegue?/ Que me querem pasguates, que me invejam?/ Não veem que os entendidos me cortejam,/ E que os nobres é gente que me segue? Com o seu ódio, a canalha o que consegue?/ Com sua inveja os néscios que motejam?/ Se quando dos néscios por meu mal mourejam,/ Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha,/ Se ficam por canalha, e ignorantes/ No rol das bestas a roerem palha. E se os senhores nobres e elegantes / Não querem que o soneto vá de valha,/ Não vá, que tem terríveis consoantes.

O poema satírico "Desempulha-se o poeta da canalha perseguidora contra os homens sábios, catando benevolência aos nobres", de Gregório de Matos, dirige sua sátira para aqueles que o perseguiam na Bahia. Os elementos determinadores da sátira são as palavras escarnecedoras que Gregório utiliza para expressar sua revolta contra as perseguições que sofria na Bahia. Em 1694, ele fora deportado para Angola por conta de suas críticas e de escândalos decorrentes, como num golpe militar que o transformou em conselheiro do governo pôde regressar ao Brasil, com a condição de se estabelecer em Recife. No entanto, teve que respeitar uma imposição judicial o impediu de continuar a escrever sátiras. A partir disso, o poeta utiliza termos como "canalha", para as classes sociais baianas, "pasguates", sinônimo de idiotas, palermas, "néscios" sinônimo de ignorantes para denominar as pessoas invejosas que o perseguiam. Gregório compreendia que a inveja provinha do fato de ele ser renomado e reconhecido pela “nobreza” local. Sentia-se motejado (caçoado) e dizia que os néscios “mal moureja” (trabalham, arquitetam). Amaldiçoa seus perseguidores (Isto posto, ignorantes, e canalha/Se ficam por canalha, e ignorantes/No rol das bostas a roerem palha) e isenta os elegantes e nobres de suas palavras (E se os senhores nobres, e elegantes/Não querem que o soneto vá de valha,/Não vá, que tem terríveis consoantes).

Os aspectos Barrocos contidos no poema são: ordem indireta, metáforas, sátiras, o homem como o assunto do poema e hipérbole.

Raquel Selner

Análise 2

Elementos determinadores da sátira – Ao maldizer os ignorantes que o seguem zombando-lhe, são palavras de escárnio como: “pasguates”, “canalha”, “ignorantes”, “néscios”, “motejam”, “terríveis consoantes”, “rol das bostas”.

Objeto da sátira – Gregório fala dos brasileiros que o perseguem, sejam os imbecis que o invejam, os ditos sábios que o bajulam ou aos nobres que o criticam. Critica a plebe ignorante, perseguidora das virtudes, chamando-a de ignorantes escarnecedores.

Momento histórico – Gregório de Matos estava vivendo em um momento em que ao escrever seus poemas, destinava aos brasileiros que o maldiziam pelo o que escrevia satirizando a sociedade.

Aspectos Barrocos – Metáfora, ordem indireta, uso de figuras de linguagem, critica pessoas do povo como ignorantes que maldiziam o que desconheciam.

Carolina Reichert e Sônia Regina Biscaia Veiga

Texto-base digitalizado por: Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/> Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia com o apoio do Projecto Geira

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf

Gregório de Matos - o poeta boca do inferno

http://www.elfikurten.com.br/2012/12/gregorio-de-matos-o-poeta-boca-do.html

______________

ATENÇÃO: Escolha um dos temas propostos e desenvolva a redação, considerando o tema escolhido. IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 11 de 15 TEMA 1: Respeito e interação: o cultivo da auto-estima Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. Há muitas dúvidas sobre o conceito de educação. Os pais devem reprimir os filhos? Ou deixá-los livres, “senhores de sua vida”? Devem demonstrar seu amor com gestos ou simplesmente amar em silêncio? O respeito do filho pelos pais tem a ver com o modo de agir dos destes?. A partir do texto de Érico Veríssimo e dos textos abaixo, escreva um texto (dissertativo ou narrativo) que apresente a difícil arte de ser pai ou mãe numa sociedade consumista e/ou aponte “caminhos” para o cultivo do amor filial e do paterno-maternal. TEXTO I “Os pais deveriam ser materialmente menos necessários e afetivamente mais importantes´, ensina o psiquiatra Içami Tiba, autor de Quem ama, Educa”. Época, n. 341, 29 nov. 2004, p. 95. TEXTO II “Revelando maturidade, os pais brilhantes se colocam como modelos de vida para uma vida vitoriosa. Para eles, ter sucesso não é ter uma vida infalível. Vencer não é acertar sempre. Por isso, eles são capazes de dizer aos filhos.“Eu errei”, “Desculpe-me”, “Eu preciso de você”. Eles são fortes nas convicções, mas flexíveis para admitir suas fragilidades. Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno”. .................................

Um jovem que tem baixa-estima se sentirá diminuído, inferiorizado, sem capacidade para correr risco e para transformar suas metas em realidade. Poderá viver um envelhecimento emocional precoce”. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. P. 39. TEMA 2: Comportamento: ovacionar ou vaiar? Para o desenvolvimento de sua redação, considere as idéias do versículo e da charge abaixo e do texto IV - A vaia que salva e escreva um texto (dissertativo ou narrativo) em que se analise o comportamento das pessoas diante de um acontecimento ou de alguém, ou seja, o que leva um indivíduo a aplaudir ou a vaiar.

TEXTO I “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. João 8, 7 TEXTO II IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 12 de 15 RASCUNHO DA REDAÇÃO

http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf

“Peça a Mãe,

O Filho atende.”

Mas, tem gente

Que não escuta

E nem pede,

porque tem pouca fé.

“O bule é de pôr café

O padre bom é muita fé.”

“Quanto mais reza

Mais sombração aparece.”

Porque incomoda o encardido.

“O padre-nosso é cajadada ao demo.

E Ave-Maria é Rosa à Mãe do Céu.”

O rosário é tantão de flores à Maria,

Mãe do Salvador.

“Com dedo coze

Com dedo é ferido.

Na almofada servo

Para conjurar o mardito.

Com três Padre-Nossos

e três Ave-Marias assunta

Mãe de Deus e Anjos da Guarda

Para me livrar desse medo

Invoco Jesus, O Nosso Senhor.

Em nome do Pai, do Filho

E do Santo Espírito. Amém”

“Para bom entendedor

Pingo é letra.”

Vírgula é pausa.

“Um burro quando fala

Outro espicha a orelha.”

“Marrar boi

Com embira

É medida a toa.

Ele se atira entre

Madeiras e até que fira.

É dizer para a criação

pode embora.”

“Mais vale uma colher de mel

Que um barril de fel,

Para pegar abelhas.”

“Quem espera sempre alcança.”

Ou cansa? Lança-se!

Surpreenda-se.

“Quem come quente

trinca os dentes;

queima a boca.”

“Quem brinca com fogo,

Sai queimado.”

“Criança que brinca com fogo,

Mixa na cama.”

Ou “bota tição no mato”.

Tem crianças incendiárias,

Os adultos ficam desconfiado...

“Siga os moleques, sinhá,

Pois está abrontando”, talvez.

“Quem tem pressa

Come cru”! e tem dor

Do estômago.

“Quem gosta do feio

Bonito lhe parece.”

"O sujo falando do mal lavado"

O focinho se orgulhando

Mais que o nariz

Do catarreio.

“É tão negro

Que até os dentes

Brilham.”

“Quem não tem cão

Com gato caça.”

“É melhor um amigo cão

do que um cão amigo.”

O inimigo faz contigo

Quando fala teu defeito

E os amigos fingem

Que você é perfeito.

“Vendedor desonesto

é fura olho;

O preço dele é chupa olho,

Eu não compro dele não.’

“Rico pensa que tudo pode,

Pobre tudo suporta.”

Um afasta de Nosso Senhor,

Outro implora a Deus por Amor.

“Aos amigos, tudo;

Aos inimigos, a lei.”

Político corrupto

É safado e sem-vergonha,

Não vai pro céu, seu lugar é no inferno.

“Tá tudo com o Tição...”

“Canalha se faz de bufão (sonso, tolo, bolo)

Para viver.

É que nem boi manso,

Arromba curral,

Quando menos se vê.”

Mulher moura

Trabalha muito,

Não vive à toa.

Mulher fiel é ouro;

Filha boa é prata;

Casa honrada

Tem nome na calçada.

Se cada um varrer seu passeio,

Não haveria sujeira o ano inteiro.

“O soneto ficou pior que o refrão.”

Não é qualquer um que sabe

Arresolver esta questão.

No cruzeiro

Coloco as flores

Para lembrar

Do meu amor

E sonhar que

Um dia se for

Eu não o esquecerei.

Mulher nova

É inexperiente;

“Perde a tiana” logo.

Quando encontra

homem safado

e sacana.

Mulher velha,

entretanto,

Tudo suporta

Tem santo no oratório,

escapulário e medalhas,

água benta e santinhos,

“e sabe tirar água da rocha.”

Porteira velha

Despenca e exige cuidados.

Porteira nova,

Que nem carro de boi,

Canta na inverna,

Quando bate no moerão.

Caba pasto tem seu mata-burro,

Cada ranço seu dono,

Cada córrego, sua pinguela,

Mas meu coração

Ficou sem ela.

No carvalho,

Escrevi o nome dele

Para o tempo

Não apagar

Minha decisão

De esquecer

O meu amor.

Homem folgado

Tem mulher atarefada.

Ele se indispôs

Com o vizinho

Agora paga caro

A desfeita

Com a rua

E a alma

Não se ajeitam

E sem paz e

Desassossegadado

Não consegue dormir

Nem um pouco.

De grão em grão

A galinha enche o papo.

De tijolo e tijolo,

Compadre Zé

Levanta o Chalé.

De bem e bem

Ele fica enjoado.

De amor e amor

Ele é agraciado.

De dor e dor

A patroa incomoda

O pobre labrador.

“Pimenta dói

No olho do outro.”

Não é a quantidade

De amigo que engrandece

A amizade,

É a qualidade!

Pobre quando tem carne

Tira a barriga da miséria.

Pensa ser dia de guarda!

Domingo e Passagem de Ano.

Come tudo!

Alguns repartem; outros não!

Dá até caganeira.

Rico tem sofá

Pobre tem tamborete.

Rico tem guarda-chuva,

Pobre tem guarda-sol.

Rico tem banco de dinheiro,

Pobre tem colchão duro.

Rico tem presente,

Pobre quer sorvete.

Rico gosta de maria-mole,

Pobre não enjeita pé-de-moleque.

Rico engorda,

Pobre emagrece.

Rico manda,

Pobre obedece.

Rico viaja,

Pobre vai até ali.

Rico extasia,

Pobre arrepia.

Rico sonha,

Pobre fantasia.

Rico quer,

Pobre aprecisa.

“Em vez de enfezar”,

fazem abrir um redemoinho

na gente, que finge que não

é nada...

“Não confunda alhos com bugalhos.”

OBS: Bugalho é uma saliência de forma arredondada que se forma em algumas espécies de árvores do género Quercus (carvalhos, sobreiros e azinheiras) na sequência do depósito, num dos seus ramos, de um ovo de vespa. A vespa desenvolve-se e alimenta-se no interior do bugalho, onde passará por todas as fases das suas metamorfoses: larva, ninfa e adulto.

https://www.dicionariopopular.com/trocar-alhos-por-bugalhos/

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, Vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Revelação do subúrbio. In. Sentimento do Mundo. 4ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2004.

___________________

A sátira na poesia de Gregório de Matos Guerra: uma análise da natureza da sátira na visão crítica de Lukács Fernanda Diniz Ferreira

http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/766.pdf

CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O ÁGAPE COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa;

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; ("carepa" - caspa, sujeira)

Com sua língua ao nobre o vil decepa; ("vil" - o que não presta)

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje a mão, ontem garlopa;

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,

e mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Notas:

Mostra o patife da nobreza o mapa – exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.

Bengala na mão, ontem garlopa – metonímias da condição humana, opostas ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice de trabalho braçal).

Vazo a tripa – tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, i.e., a fidalguia baiana sem tradição.

(Extraído de MATOS, G. de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas José Miguel Winsky.

9 ed., São Paulo: Cultrix, ano 9, p. 42)

Notas dos poemas acima de Gregório de Matos, 1636-1965.

Poemas escolhidos; seleções-

organizaçãoJose Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia

das Letras 2010

https://pt.scribd.com/document/275108952/Poemas-Escolhidos-Gregorio-de-Matos

Gregório de Matos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTAS: Mapa: entenda-se o verso: exibe árvore genealógica;

vazo a tripa: defeco, chulo 'estou cagando', isto é 'pouco me importo’.

https://www.escritas.org/pt/t/12357/contemplando-nas-cousas-do-mundo-desde-o-seu-retiro-lhe-atira-com-o-seu-apage-como-quem-a-nado-esc

__________

Nos dois quartetos, Gregório critica aqueles que falam mal dos outros, sendo que têm muitos outros defeitos.

Podemos ver até uma paráfrase do ditado "O sujo falando do mal lavado" no verso "Quem menos falar pode, mais increpa". Ainda no segundo quarteto, vemos uma crítica aos oportunistas, àqueles que pretendem descender de uma linhagem nobre, fraudando a genealogia. Já no primeiro terceto, temos uma metáfora no verso "a flor baixa se inculca por Tulipa", em que a flor baixa representa o vulgar que quer aparentar uma condição nobre, como a Tulipa.

No segundo verso, a bengala é índice de nobreza, ao passo que a galorpa, instrumento de carpinteiro; ou seja, condição mais humilde. O poeta critica também a rápida ascensão social dos arrivistas e, em outro verso, "mais isento se mostra, o que mais chupa", os que mais cometem delitos e querem aparentar inocência.

No último terceto, em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", vazar a tripa significa defecar e os rumores dos gases intestinais são sugeridos pelas aliterações cortantes dos tr...tr...tr. E no úlitmo verso, ele reagrupa as rimas usadas ao longo do poema que sugerem o som dos excretos caindo.

http://pt-br.mouse.wikia.com/wiki/CONTEMPLANDO_NAS_COUSAS_DO_MUNDO_DESDE_O_SEU_RETIRO,_LHE_ATIRA_COM_O_%C3%81GAPE_COMO_QUEM_A_NADO_ESCAPOU_DA_TORMENTA

Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição,

Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00951.html

__________________

Gregório de Matos e Guerra (Salvador possivelmente em 1636 - Recife 1695) Nasceu em uma família abastada de proprietários da administração colonial. Estudou nos colégios jesuítas e, posteriormente, prossegue os estudos em Coimbra, sendo graduado em Cânones (como se chamava o estudo de Teologia na época). É considerado o maior poeta barroco do Brasil. Por seu estilo satírico e ousadia por criticar a Igreja Católica, ficou conhecido por Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2009/10/contemplando-gregorio-de-matos-229218.html

Dados da Aula - Iniciação ao estudo do Barroco literário.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24624

______________________

Queixa da plebe ignorante e perseguidora das virtudes

http://poeticatecnologica.blogspot.com.br/2011/05/gregorio-de-matos-1636-1695.html

http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf

Que me quer o Brasil, que me persegue?/ Que me querem pasguates, que me invejam?/ Não veem que os entendidos me cortejam,/ E que os nobres é gente que me segue? Com o seu ódio, a canalha o que consegue?/ Com sua inveja os néscios que motejam?/ Se quando dos néscios por meu mal mourejam,/ Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha,/ Se ficam por canalha, e ignorantes/ No rol das bestas a roerem palha. E se os senhores nobres e elegantes / Não querem que o soneto vá de valha,/ Não vá, que tem terríveis consoantes.

O poema satírico "Desempulha-se o poeta da canalha perseguidora contra os homens sábios, catando benevolência aos nobres", de Gregório de Matos, dirige sua sátira para aqueles que o perseguiam na Bahia. Os elementos determinadores da sátira são as palavras escarnecedoras que Gregório utiliza para expressar sua revolta contra as perseguições que sofria na Bahia. Em 1694, ele fora deportado para Angola por conta de suas críticas e de escândalos decorrentes, como num golpe militar que o transformou em conselheiro do governo pôde regressar ao Brasil, com a condição de se estabelecer em Recife. No entanto, teve que respeitar uma imposição judicial o impediu de continuar a escrever sátiras. A partir disso, o poeta utiliza termos como "canalha", para as classes sociais baianas, "pasguates", sinônimo de idiotas, palermas, "néscios" sinônimo de ignorantes para denominar as pessoas invejosas que o perseguiam. Gregório compreendia que a inveja provinha do fato de ele ser renomado e reconhecido pela “nobreza” local. Sentia-se motejado (caçoado) e dizia que os néscios “mal moureja” (trabalham, arquitetam). Amaldiçoa seus perseguidores (Isto posto, ignorantes, e canalha/Se ficam por canalha, e ignorantes/No rol das bostas a roerem palha) e isenta os elegantes e nobres de suas palavras (E se os senhores nobres, e elegantes/Não querem que o soneto vá de valha,/Não vá, que tem terríveis consoantes).

Os aspectos Barrocos contidos no poema são: ordem indireta, metáforas, sátiras, o homem como o assunto do poema e hipérbole.

Raquel Selner

Análise 2

Elementos determinadores da sátira – Ao maldizer os ignorantes que o seguem zombando-lhe, são palavras de escárnio como: “pasguates”, “canalha”, “ignorantes”, “néscios”, “motejam”, “terríveis consoantes”, “rol das bostas”.

Objeto da sátira – Gregório fala dos brasileiros que o perseguem, sejam os imbecis que o invejam, os ditos sábios que o bajulam ou aos nobres que o criticam. Critica a plebe ignorante, perseguidora das virtudes, chamando-a de ignorantes escarnecedores.

Momento histórico – Gregório de Matos estava vivendo em um momento em que ao escrever seus poemas, destinava aos brasileiros que o maldiziam pelo o que escrevia satirizando a sociedade.

Aspectos Barrocos – Metáfora, ordem indireta, uso de figuras de linguagem, critica pessoas do povo como ignorantes que maldiziam o que desconheciam.

Carolina Reichert e Sônia Regina Biscaia Veiga

Texto-base digitalizado por: Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/> Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia com o apoio do Projecto Geira

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf

Gregório de Matos - o poeta boca do inferno

http://www.elfikurten.com.br/2012/12/gregorio-de-matos-o-poeta-boca-do.html

______________

ATENÇÃO: Escolha um dos temas propostos e desenvolva a redação, considerando o tema escolhido. IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 11 de 15 TEMA 1: Respeito e interação: o cultivo da auto-estima Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. Há muitas dúvidas sobre o conceito de educação. Os pais devem reprimir os filhos? Ou deixá-los livres, “senhores de sua vida”? Devem demonstrar seu amor com gestos ou simplesmente amar em silêncio? O respeito do filho pelos pais tem a ver com o modo de agir dos destes?. A partir do texto de Érico Veríssimo e dos textos abaixo, escreva um texto (dissertativo ou narrativo) que apresente a difícil arte de ser pai ou mãe numa sociedade consumista e/ou aponte “caminhos” para o cultivo do amor filial e do paterno-maternal. TEXTO I “Os pais deveriam ser materialmente menos necessários e afetivamente mais importantes´, ensina o psiquiatra Içami Tiba, autor de Quem ama, Educa”. Época, n. 341, 29 nov. 2004, p. 95. TEXTO II “Revelando maturidade, os pais brilhantes se colocam como modelos de vida para uma vida vitoriosa. Para eles, ter sucesso não é ter uma vida infalível. Vencer não é acertar sempre. Por isso, eles são capazes de dizer aos filhos.“Eu errei”, “Desculpe-me”, “Eu preciso de você”. Eles são fortes nas convicções, mas flexíveis para admitir suas fragilidades. Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno”. .................................

Um jovem que tem baixa-estima se sentirá diminuído, inferiorizado, sem capacidade para correr risco e para transformar suas metas em realidade. Poderá viver um envelhecimento emocional precoce”. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. P. 39. TEMA 2: Comportamento: ovacionar ou vaiar? Para o desenvolvimento de sua redação, considere as idéias do versículo e da charge abaixo e do texto IV - A vaia que salva e escreva um texto (dissertativo ou narrativo) em que se analise o comportamento das pessoas diante de um acontecimento ou de alguém, ou seja, o que leva um indivíduo a aplaudir ou a vaiar.

TEXTO I “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. João 8, 7 TEXTO II IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 12 de 15 RASCUNHO DA REDAÇÃO

http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf

“Peça a Mãe,

O Filho atende.”

Mas, tem gente

Que não escuta

E nem pede,

porque tem pouca fé.

“O bule é de pôr café

O padre bom é muita fé.”

“Quanto mais reza

Mais sombração aparece.”

Porque incomoda o encardido.

“O padre-nosso é cajadada ao demo.

E Ave-Maria é Rosa à Mãe do Céu.”

O rosário é tantão de flores à Maria,

Mãe do Salvador.

“Com dedo coze

Com dedo é ferido.

Na almofada servo

Para conjurar o mardito.

Com três Padre-Nossos

e três Ave-Marias assunta

Mãe de Deus e Anjos da Guarda

Para me livrar desse medo

Invoco Jesus, O Nosso Senhor.

Em nome do Pai, do Filho

E do Santo Espírito. Amém”

“Para bom entendedor

Pingo é letra.”

Vírgula é pausa.

“Um burro quando fala

Outro espicha a orelha.”

“Marrar boi

Com embira

É medida a toa.

Ele se atira entre

Madeiras e até que fira.

É dizer para a criação

pode embora.”

“Mais vale uma colher de mel

Que um barril de fel,

Para pegar abelhas.”

“Quem espera sempre alcança.”

Ou cansa? Lança-se!

Surpreenda-se.

“Quem come quente

trinca os dentes;

queima a boca.”

“Quem brinca com fogo,

Sai queimado.”

“Criança que brinca com fogo,

Mixa na cama.”

Ou “bota tição no mato”.

Tem crianças incendiárias,

Os adultos ficam desconfiado...

“Siga os moleques, sinhá,

Pois está abrontando”, talvez.

“Quem tem pressa

Come cru”! e tem dor

Do estômago.

“Quem gosta do feio

Bonito lhe parece.”

"O sujo falando do mal lavado"

O focinho se orgulhando

Mais que o nariz

Do catarreio.

“É tão negro

Que até os dentes

Brilham.”

“Quem não tem cão

Com gato caça.”

“É melhor um amigo cão

do que um cão amigo.”

O inimigo faz contigo

Quando fala teu defeito

E os amigos fingem

Que você é perfeito.

“Vendedor desonesto

é fura olho;

O preço dele é chupa olho,

Eu não compro dele não.’

“Rico pensa que tudo pode,

Pobre tudo suporta.”

Um afasta de Nosso Senhor,

Outro implora a Deus por Amor.

“Aos amigos, tudo;

Aos inimigos, a lei.”

Político corrupto

É safado e sem-vergonha,

Não vai pro céu, seu lugar é no inferno.

“Tá tudo com o Tição...”

“Canalha se faz de bufão (sonso, tolo, bolo)

Para viver.

É que nem boi manso,

Arromba curral,

Quando menos se vê.”

Mulher moura

Trabalha muito,

Não vive à toa.

Mulher fiel é ouro;

Filha boa é prata;

Casa honrada

Tem nome na calçada.

Se cada um varrer seu passeio,

Não haveria sujeira o ano inteiro.

“O soneto ficou pior que o refrão.”

Não é qualquer um que sabe

Arresolver esta questão.

No cruzeiro

Coloco as flores

Para lembrar

Do meu amor

E sonhar que

Um dia se for

Eu não o esquecerei.

Mulher nova

É inexperiente;

“Perde a tiana” logo.

Quando encontra

homem safado

e sacana.

Mulher velha,

entretanto,

Tudo suporta

Tem santo no oratório,

escapulário e medalhas,

água benta e santinhos,

“e sabe tirar água da rocha.”

Porteira velha

Despenca e exige cuidados.

Porteira nova,

Que nem carro de boi,

Canta na inverna,

Quando bate no moerão.

Caba pasto tem seu mata-burro,

Cada ranço seu dono,

Cada córrego, sua pinguela,

Mas meu coração

Ficou sem ela.

No carvalho,

Escrevi o nome dele

Para o tempo

Não apagar

Minha decisão

De esquecer

O meu amor.

Homem folgado

Tem mulher atarefada.

Ele se indispôs

Com o vizinho

Agora paga caro

A desfeita

Com a rua

E a alma

Não se ajeitam

E sem paz e

Desassossegadado

Não consegue dormir

Nem um pouco.

De grão em grão

A galinha enche o papo.

De tijolo e tijolo,

Compadre Zé

Levanta o Chalé.

De bem e bem

Ele fica enjoado.

De amor e amor

Ele é agraciado.

De dor e dor

A patroa incomoda

O pobre labrador.

“Pimenta dói

No olho do outro.”

Não é a quantidade

De amigo que engrandece

A amizade,

É a qualidade!

Pobre quando tem carne

Tira a barriga da miséria.

Pensa ser dia de guarda!

Domingo e Passagem de Ano.

Come tudo!

Alguns repartem; outros não!

Dá até caganeira.

Rico tem sofá

Pobre tem tamborete.

Rico tem guarda-chuva,

Pobre tem guarda-sol.

Rico tem banco de dinheiro,

Pobre tem colchão duro.

Rico tem presente,

Pobre quer sorvete.

Rico gosta de maria-mole,

Pobre não enjeita pé-de-moleque.

Rico engorda,

Pobre emagrece.

Rico manda,

Pobre obedece.

Rico viaja,

Pobre vai até ali.

Rico extasia,

Pobre arrepia.

Rico sonha,

Pobre fantasia.

Rico quer,

Pobre aprecisa.

“Em vez de enfezar”,

fazem abrir um redemoinho

na gente, que finge que não

é nada...

“Não confunda alhos com bugalhos.”

OBS: Bugalho é uma saliência de forma arredondada que se forma em algumas espécies de árvores do género Quercus (carvalhos, sobreiros e azinheiras) na sequência do depósito, num dos seus ramos, de um ovo de vespa. A vespa desenvolve-se e alimenta-se no interior do bugalho, onde passará por todas as fases das suas metamorfoses: larva, ninfa e adulto.

https://www.dicionariopopular.com/trocar-alhos-por-bugalhos/

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, Vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Revelação do subúrbio. In. Sentimento do Mundo. 4ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2004.

___________________

A sátira na poesia de Gregório de Matos Guerra: uma análise da natureza da sátira na visão crítica de Lukács Fernanda Diniz Ferreira

http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/766.pdf

CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O ÁGAPE COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa;

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; ("carepa" - caspa, sujeira)

Com sua língua ao nobre o vil decepa; ("vil" - o que não presta)

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje a mão, ontem garlopa;

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,

e mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Notas:

Mostra o patife da nobreza o mapa – exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.

Bengala na mão, ontem garlopa – metonímias da condição humana, opostas ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice de trabalho braçal).

Vazo a tripa – tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, i.e., a fidalguia baiana sem tradição.

(Extraído de MATOS, G. de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas José Miguel Winsky.

9 ed., São Paulo: Cultrix, ano 9, p. 42)

Notas dos poemas acima de Gregório de Matos, 1636-1965.

Poemas escolhidos; seleções-

organizaçãoJose Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia

das Letras 2010

https://pt.scribd.com/document/275108952/Poemas-Escolhidos-Gregorio-de-Matos

Gregório de Matos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTAS: Mapa: entenda-se o verso: exibe árvore genealógica;

vazo a tripa: defeco, chulo 'estou cagando', isto é 'pouco me importo’.

https://www.escritas.org/pt/t/12357/contemplando-nas-cousas-do-mundo-desde-o-seu-retiro-lhe-atira-com-o-seu-apage-como-quem-a-nado-esc

__________

Nos dois quartetos, Gregório critica aqueles que falam mal dos outros, sendo que têm muitos outros defeitos.

Podemos ver até uma paráfrase do ditado "O sujo falando do mal lavado" no verso "Quem menos falar pode, mais increpa". Ainda no segundo quarteto, vemos uma crítica aos oportunistas, àqueles que pretendem descender de uma linhagem nobre, fraudando a genealogia. Já no primeiro terceto, temos uma metáfora no verso "a flor baixa se inculca por Tulipa", em que a flor baixa representa o vulgar que quer aparentar uma condição nobre, como a Tulipa.

No segundo verso, a bengala é índice de nobreza, ao passo que a galorpa, instrumento de carpinteiro; ou seja, condição mais humilde. O poeta critica também a rápida ascensão social dos arrivistas e, em outro verso, "mais isento se mostra, o que mais chupa", os que mais cometem delitos e querem aparentar inocência.

No último terceto, em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", vazar a tripa significa defecar e os rumores dos gases intestinais são sugeridos pelas aliterações cortantes dos tr...tr...tr. E no úlitmo verso, ele reagrupa as rimas usadas ao longo do poema que sugerem o som dos excretos caindo.

http://pt-br.mouse.wikia.com/wiki/CONTEMPLANDO_NAS_COUSAS_DO_MUNDO_DESDE_O_SEU_RETIRO,_LHE_ATIRA_COM_O_%C3%81GAPE_COMO_QUEM_A_NADO_ESCAPOU_DA_TORMENTA

Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição,

Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00951.html

__________________

Gregório de Matos e Guerra (Salvador possivelmente em 1636 - Recife 1695) Nasceu em uma família abastada de proprietários da administração colonial. Estudou nos colégios jesuítas e, posteriormente, prossegue os estudos em Coimbra, sendo graduado em Cânones (como se chamava o estudo de Teologia na época). É considerado o maior poeta barroco do Brasil. Por seu estilo satírico e ousadia por criticar a Igreja Católica, ficou conhecido por Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2009/10/contemplando-gregorio-de-matos-229218.html

Dados da Aula - Iniciação ao estudo do Barroco literário.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24624

______________________

Queixa da plebe ignorante e perseguidora das virtudes

http://poeticatecnologica.blogspot.com.br/2011/05/gregorio-de-matos-1636-1695.html

http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf

Que me quer o Brasil, que me persegue?/ Que me querem pasguates, que me invejam?/ Não veem que os entendidos me cortejam,/ E que os nobres é gente que me segue? Com o seu ódio, a canalha o que consegue?/ Com sua inveja os néscios que motejam?/ Se quando dos néscios por meu mal mourejam,/ Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha,/ Se ficam por canalha, e ignorantes/ No rol das bestas a roerem palha. E se os senhores nobres e elegantes / Não querem que o soneto vá de valha,/ Não vá, que tem terríveis consoantes.

O poema satírico "Desempulha-se o poeta da canalha perseguidora contra os homens sábios, catando benevolência aos nobres", de Gregório de Matos, dirige sua sátira para aqueles que o perseguiam na Bahia. Os elementos determinadores da sátira são as palavras escarnecedoras que Gregório utiliza para expressar sua revolta contra as perseguições que sofria na Bahia. Em 1694, ele fora deportado para Angola por conta de suas críticas e de escândalos decorrentes, como num golpe militar que o transformou em conselheiro do governo pôde regressar ao Brasil, com a condição de se estabelecer em Recife. No entanto, teve que respeitar uma imposição judicial o impediu de continuar a escrever sátiras. A partir disso, o poeta utiliza termos como "canalha", para as classes sociais baianas, "pasguates", sinônimo de idiotas, palermas, "néscios" sinônimo de ignorantes para denominar as pessoas invejosas que o perseguiam. Gregório compreendia que a inveja provinha do fato de ele ser renomado e reconhecido pela “nobreza” local. Sentia-se motejado (caçoado) e dizia que os néscios “mal moureja” (trabalham, arquitetam). Amaldiçoa seus perseguidores (Isto posto, ignorantes, e canalha/Se ficam por canalha, e ignorantes/No rol das bostas a roerem palha) e isenta os elegantes e nobres de suas palavras (E se os senhores nobres, e elegantes/Não querem que o soneto vá de valha,/Não vá, que tem terríveis consoantes).

Os aspectos Barrocos contidos no poema são: ordem indireta, metáforas, sátiras, o homem como o assunto do poema e hipérbole.

Raquel Selner

Análise 2

Elementos determinadores da sátira – Ao maldizer os ignorantes que o seguem zombando-lhe, são palavras de escárnio como: “pasguates”, “canalha”, “ignorantes”, “néscios”, “motejam”, “terríveis consoantes”, “rol das bostas”.

Objeto da sátira – Gregório fala dos brasileiros que o perseguem, sejam os imbecis que o invejam, os ditos sábios que o bajulam ou aos nobres que o criticam. Critica a plebe ignorante, perseguidora das virtudes, chamando-a de ignorantes escarnecedores.

Momento histórico – Gregório de Matos estava vivendo em um momento em que ao escrever seus poemas, destinava aos brasileiros que o maldiziam pelo o que escrevia satirizando a sociedade.

Aspectos Barrocos – Metáfora, ordem indireta, uso de figuras de linguagem, critica pessoas do povo como ignorantes que maldiziam o que desconheciam.

Carolina Reichert e Sônia Regina Biscaia Veiga

Texto-base digitalizado por: Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/> Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia com o apoio do Projecto Geira

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf

Gregório de Matos - o poeta boca do inferno

http://www.elfikurten.com.br/2012/12/gregorio-de-matos-o-poeta-boca-do.html

______________

ATENÇÃO: Escolha um dos temas propostos e desenvolva a redação, considerando o tema escolhido. IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 11 de 15 TEMA 1: Respeito e interação: o cultivo da auto-estima Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. Há muitas dúvidas sobre o conceito de educação. Os pais devem reprimir os filhos? Ou deixá-los livres, “senhores de sua vida”? Devem demonstrar seu amor com gestos ou simplesmente amar em silêncio? O respeito do filho pelos pais tem a ver com o modo de agir dos destes?. A partir do texto de Érico Veríssimo e dos textos abaixo, escreva um texto (dissertativo ou narrativo) que apresente a difícil arte de ser pai ou mãe numa sociedade consumista e/ou aponte “caminhos” para o cultivo do amor filial e do paterno-maternal. TEXTO I “Os pais deveriam ser materialmente menos necessários e afetivamente mais importantes´, ensina o psiquiatra Içami Tiba, autor de Quem ama, Educa”. Época, n. 341, 29 nov. 2004, p. 95. TEXTO II “Revelando maturidade, os pais brilhantes se colocam como modelos de vida para uma vida vitoriosa. Para eles, ter sucesso não é ter uma vida infalível. Vencer não é acertar sempre. Por isso, eles são capazes de dizer aos filhos.“Eu errei”, “Desculpe-me”, “Eu preciso de você”. Eles são fortes nas convicções, mas flexíveis para admitir suas fragilidades. Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno”. .................................

Um jovem que tem baixa-estima se sentirá diminuído, inferiorizado, sem capacidade para correr risco e para transformar suas metas em realidade. Poderá viver um envelhecimento emocional precoce”. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. P. 39. TEMA 2: Comportamento: ovacionar ou vaiar? Para o desenvolvimento de sua redação, considere as idéias do versículo e da charge abaixo e do texto IV - A vaia que salva e escreva um texto (dissertativo ou narrativo) em que se analise o comportamento das pessoas diante de um acontecimento ou de alguém, ou seja, o que leva um indivíduo a aplaudir ou a vaiar.

TEXTO I “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. João 8, 7 TEXTO II IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 12 de 15 RASCUNHO DA REDAÇÃO

http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf

“Peça a Mãe,

O Filho atende.”

Mas, tem gente

Que não escuta

E nem pede,

porque tem pouca fé.

“O bule é de pôr café

O padre bom é muita fé.”

“Quanto mais reza

Mais sombração aparece.”

Porque incomoda o encardido.

“O padre-nosso é cajadada ao demo.

E Ave-Maria é Rosa à Mãe do Céu.”

O rosário é tantão de flores à Maria,

Mãe do Salvador.

“Com dedo coze

Com dedo é ferido.

Na almofada servo

Para conjurar o mardito.

Com três Padre-Nossos

e três Ave-Marias assunta

Mãe de Deus e Anjos da Guarda

Para me livrar desse medo

Invoco Jesus, O Nosso Senhor.

Em nome do Pai, do Filho

E do Santo Espírito. Amém”

“Para bom entendedor

Pingo é letra.”

Vírgula é pausa.

“Um burro quando fala

Outro espicha a orelha.”

“Marrar boi

Com embira

É medida a toa.

Ele se atira entre

Madeiras e até que fira.

É dizer para a criação

pode embora.”

“Mais vale uma colher de mel

Que um barril de fel,

Para pegar abelhas.”

“Quem espera sempre alcança.”

Ou cansa? Lança-se!

Surpreenda-se.

“Quem come quente

trinca os dentes;

queima a boca.”

“Quem brinca com fogo,

Sai queimado.”

“Criança que brinca com fogo,

Mixa na cama.”

Ou “bota tição no mato”.

Tem crianças incendiárias,

Os adultos ficam desconfiado...

“Siga os moleques, sinhá,

Pois está abrontando”, talvez.

“Quem tem pressa

Come cru”! e tem dor

Do estômago.

“Quem gosta do feio

Bonito lhe parece.”

"O sujo falando do mal lavado"

O focinho se orgulhando

Mais que o nariz

Do catarreio.

“É tão negro

Que até os dentes

Brilham.”

“Quem não tem cão

Com gato caça.”

“É melhor um amigo cão

do que um cão amigo.”

O inimigo faz contigo

Quando fala teu defeito

E os amigos fingem

Que você é perfeito.

“Vendedor desonesto

é fura olho;

O preço dele é chupa olho,

Eu não compro dele não.’

“Rico pensa que tudo pode,

Pobre tudo suporta.”

Um afasta de Nosso Senhor,

Outro implora a Deus por Amor.

“Aos amigos, tudo;

Aos inimigos, a lei.”

Político corrupto

É safado e sem-vergonha,

Não vai pro céu, seu lugar é no inferno.

“Tá tudo com o Tição...”

“Canalha se faz de bufão (sonso, tolo, bolo)

Para viver.

É que nem boi manso,

Arromba curral,

Quando menos se vê.”

Mulher moura

Trabalha muito,

Não vive à toa.

Mulher fiel é ouro;

Filha boa é prata;

Casa honrada

Tem nome na calçada.

Se cada um varrer seu passeio,

Não haveria sujeira o ano inteiro.

“O soneto ficou pior que o refrão.”

Não é qualquer um que sabe

Arresolver esta questão.

No cruzeiro

Coloco as flores

Para lembrar

Do meu amor

E sonhar que

Um dia se for

Eu não o esquecerei.

Mulher nova

É inexperiente;

“Perde a tiana” logo.

Quando encontra

homem safado

e sacana.

Mulher velha,

entretanto,

Tudo suporta

Tem santo no oratório,

escapulário e medalhas,

água benta e santinhos,

“e sabe tirar água da rocha.”

Porteira velha

Despenca e exige cuidados.

Porteira nova,

Que nem carro de boi,

Canta na inverna,

Quando bate no moerão.

Caba pasto tem seu mata-burro,

Cada ranço seu dono,

Cada córrego, sua pinguela,

Mas meu coração

Ficou sem ela.

No carvalho,

Escrevi o nome dele

Para o tempo

Não apagar

Minha decisão

De esquecer

O meu amor.

Homem folgado

Tem mulher atarefada.

Ele se indispôs

Com o vizinho

Agora paga caro

A desfeita

Com a rua

E a alma

Não se ajeitam

E sem paz e

Desassossegadado

Não consegue dormir

Nem um pouco.

De grão em grão

A galinha enche o papo.

De tijolo e tijolo,

Compadre Zé

Levanta o Chalé.

De bem e bem

Ele fica enjoado.

De amor e amor

Ele é agraciado.

De dor e dor

A patroa incomoda

O pobre labrador.

“Pimenta dói

No olho do outro.”

Não é a quantidade

De amigo que engrandece

A amizade,

É a qualidade!

Pobre quando tem carne

Tira a barriga da miséria.

Pensa ser dia de guarda!

Domingo e Passagem de Ano.

Come tudo!

Alguns repartem; outros não!

Dá até caganeira.

Rico tem sofá

Pobre tem tamborete.

Rico tem guarda-chuva,

Pobre tem guarda-sol.

Rico tem banco de dinheiro,

Pobre tem colchão duro.

Rico tem presente,

Pobre quer sorvete.

Rico gosta de maria-mole,

Pobre não enjeita pé-de-moleque.

Rico engorda,

Pobre emagrece.

Rico manda,

Pobre obedece.

Rico viaja,

Pobre vai até ali.

Rico extasia,

Pobre arrepia.

Rico sonha,

Pobre fantasia.

Rico quer,

Pobre aprecisa.

“Em vez de enfezar”,

fazem abrir um redemoinho

na gente, que finge que não

é nada...

“Não confunda alhos com bugalhos.”

OBS: Bugalho é uma saliência de forma arredondada que se forma em algumas espécies de árvores do género Quercus (carvalhos, sobreiros e azinheiras) na sequência do depósito, num dos seus ramos, de um ovo de vespa. A vespa desenvolve-se e alimenta-se no interior do bugalho, onde passará por todas as fases das suas metamorfoses: larva, ninfa e adulto.

https://www.dicionariopopular.com/trocar-alhos-por-bugalhos/

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, Vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Revelação do subúrbio. In. Sentimento do Mundo. 4ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2004.

___________________

A sátira na poesia de Gregório de Matos Guerra: uma análise da natureza da sátira na visão crítica de Lukács Fernanda Diniz Ferreira

http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/766.pdf

CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O ÁGAPE COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa;

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; ("carepa" - caspa, sujeira)

Com sua língua ao nobre o vil decepa; ("vil" - o que não presta)

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje a mão, ontem garlopa;

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,

e mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Notas:

Mostra o patife da nobreza o mapa – exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre.

Bengala na mão, ontem garlopa – metonímias da condição humana, opostas ironicamente: hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice de trabalho braçal).

Vazo a tripa – tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, i.e., a fidalguia baiana sem tradição.

(Extraído de MATOS, G. de. Poemas escolhidos. Sel., introdução e notas José Miguel Winsky.

9 ed., São Paulo: Cultrix, ano 9, p. 42)

Notas dos poemas acima de Gregório de Matos, 1636-1965.

Poemas escolhidos; seleções-

organizaçãoJose Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia

das Letras 2010

https://pt.scribd.com/document/275108952/Poemas-Escolhidos-Gregorio-de-Matos

Gregório de Matos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTAS: Mapa: entenda-se o verso: exibe árvore genealógica;

vazo a tripa: defeco, chulo 'estou cagando', isto é 'pouco me importo’.

https://www.escritas.org/pt/t/12357/contemplando-nas-cousas-do-mundo-desde-o-seu-retiro-lhe-atira-com-o-seu-apage-como-quem-a-nado-esc

__________

Nos dois quartetos, Gregório critica aqueles que falam mal dos outros, sendo que têm muitos outros defeitos.

Podemos ver até uma paráfrase do ditado "O sujo falando do mal lavado" no verso "Quem menos falar pode, mais increpa". Ainda no segundo quarteto, vemos uma crítica aos oportunistas, àqueles que pretendem descender de uma linhagem nobre, fraudando a genealogia. Já no primeiro terceto, temos uma metáfora no verso "a flor baixa se inculca por Tulipa", em que a flor baixa representa o vulgar que quer aparentar uma condição nobre, como a Tulipa.

No segundo verso, a bengala é índice de nobreza, ao passo que a galorpa, instrumento de carpinteiro; ou seja, condição mais humilde. O poeta critica também a rápida ascensão social dos arrivistas e, em outro verso, "mais isento se mostra, o que mais chupa", os que mais cometem delitos e querem aparentar inocência.

No último terceto, em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", vazar a tripa significa defecar e os rumores dos gases intestinais são sugeridos pelas aliterações cortantes dos tr...tr...tr. E no úlitmo verso, ele reagrupa as rimas usadas ao longo do poema que sugerem o som dos excretos caindo.

http://pt-br.mouse.wikia.com/wiki/CONTEMPLANDO_NAS_COUSAS_DO_MUNDO_DESDE_O_SEU_RETIRO,_LHE_ATIRA_COM_O_%C3%81GAPE_COMO_QUEM_A_NADO_ESCAPOU_DA_TORMENTA

Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição,

Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00951.html

__________________

Gregório de Matos e Guerra (Salvador possivelmente em 1636 - Recife 1695) Nasceu em uma família abastada de proprietários da administração colonial. Estudou nos colégios jesuítas e, posteriormente, prossegue os estudos em Coimbra, sendo graduado em Cânones (como se chamava o estudo de Teologia na época). É considerado o maior poeta barroco do Brasil. Por seu estilo satírico e ousadia por criticar a Igreja Católica, ficou conhecido por Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2009/10/contemplando-gregorio-de-matos-229218.html

Dados da Aula - Iniciação ao estudo do Barroco literário.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24624

______________________

Queixa da plebe ignorante e perseguidora das virtudes

http://poeticatecnologica.blogspot.com.br/2011/05/gregorio-de-matos-1636-1695.html

http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf

Que me quer o Brasil, que me persegue?/ Que me querem pasguates, que me invejam?/ Não veem que os entendidos me cortejam,/ E que os nobres é gente que me segue? Com o seu ódio, a canalha o que consegue?/ Com sua inveja os néscios que motejam?/ Se quando dos néscios por meu mal mourejam,/ Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha,/ Se ficam por canalha, e ignorantes/ No rol das bestas a roerem palha. E se os senhores nobres e elegantes / Não querem que o soneto vá de valha,/ Não vá, que tem terríveis consoantes.

O poema satírico "Desempulha-se o poeta da canalha perseguidora contra os homens sábios, catando benevolência aos nobres", de Gregório de Matos, dirige sua sátira para aqueles que o perseguiam na Bahia. Os elementos determinadores da sátira são as palavras escarnecedoras que Gregório utiliza para expressar sua revolta contra as perseguições que sofria na Bahia. Em 1694, ele fora deportado para Angola por conta de suas críticas e de escândalos decorrentes, como num golpe militar que o transformou em conselheiro do governo pôde regressar ao Brasil, com a condição de se estabelecer em Recife. No entanto, teve que respeitar uma imposição judicial o impediu de continuar a escrever sátiras. A partir disso, o poeta utiliza termos como "canalha", para as classes sociais baianas, "pasguates", sinônimo de idiotas, palermas, "néscios" sinônimo de ignorantes para denominar as pessoas invejosas que o perseguiam. Gregório compreendia que a inveja provinha do fato de ele ser renomado e reconhecido pela “nobreza” local. Sentia-se motejado (caçoado) e dizia que os néscios “mal moureja” (trabalham, arquitetam). Amaldiçoa seus perseguidores (Isto posto, ignorantes, e canalha/Se ficam por canalha, e ignorantes/No rol das bostas a roerem palha) e isenta os elegantes e nobres de suas palavras (E se os senhores nobres, e elegantes/Não querem que o soneto vá de valha,/Não vá, que tem terríveis consoantes).

Os aspectos Barrocos contidos no poema são: ordem indireta, metáforas, sátiras, o homem como o assunto do poema e hipérbole.

Raquel Selner

Análise 2

Elementos determinadores da sátira – Ao maldizer os ignorantes que o seguem zombando-lhe, são palavras de escárnio como: “pasguates”, “canalha”, “ignorantes”, “néscios”, “motejam”, “terríveis consoantes”, “rol das bostas”.

Objeto da sátira – Gregório fala dos brasileiros que o perseguem, sejam os imbecis que o invejam, os ditos sábios que o bajulam ou aos nobres que o criticam. Critica a plebe ignorante, perseguidora das virtudes, chamando-a de ignorantes escarnecedores.

Momento histórico – Gregório de Matos estava vivendo em um momento em que ao escrever seus poemas, destinava aos brasileiros que o maldiziam pelo o que escrevia satirizando a sociedade.

Aspectos Barrocos – Metáfora, ordem indireta, uso de figuras de linguagem, critica pessoas do povo como ignorantes que maldiziam o que desconheciam.

Carolina Reichert e Sônia Regina Biscaia Veiga

Texto-base digitalizado por: Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/> Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia com o apoio do Projecto Geira

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf

Gregório de Matos - o poeta boca do inferno

http://www.elfikurten.com.br/2012/12/gregorio-de-matos-o-poeta-boca-do.html

______________

ATENÇÃO: Escolha um dos temas propostos e desenvolva a redação, considerando o tema escolhido. IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 11 de 15 TEMA 1: Respeito e interação: o cultivo da auto-estima Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. Há muitas dúvidas sobre o conceito de educação. Os pais devem reprimir os filhos? Ou deixá-los livres, “senhores de sua vida”? Devem demonstrar seu amor com gestos ou simplesmente amar em silêncio? O respeito do filho pelos pais tem a ver com o modo de agir dos destes?. A partir do texto de Érico Veríssimo e dos textos abaixo, escreva um texto (dissertativo ou narrativo) que apresente a difícil arte de ser pai ou mãe numa sociedade consumista e/ou aponte “caminhos” para o cultivo do amor filial e do paterno-maternal. TEXTO I “Os pais deveriam ser materialmente menos necessários e afetivamente mais importantes´, ensina o psiquiatra Içami Tiba, autor de Quem ama, Educa”. Época, n. 341, 29 nov. 2004, p. 95. TEXTO II “Revelando maturidade, os pais brilhantes se colocam como modelos de vida para uma vida vitoriosa. Para eles, ter sucesso não é ter uma vida infalível. Vencer não é acertar sempre. Por isso, eles são capazes de dizer aos filhos.“Eu errei”, “Desculpe-me”, “Eu preciso de você”. Eles são fortes nas convicções, mas flexíveis para admitir suas fragilidades. Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno”. .................................

Um jovem que tem baixa-estima se sentirá diminuído, inferiorizado, sem capacidade para correr risco e para transformar suas metas em realidade. Poderá viver um envelhecimento emocional precoce”. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. P. 39. TEMA 2: Comportamento: ovacionar ou vaiar? Para o desenvolvimento de sua redação, considere as idéias do versículo e da charge abaixo e do texto IV - A vaia que salva e escreva um texto (dissertativo ou narrativo) em que se analise o comportamento das pessoas diante de um acontecimento ou de alguém, ou seja, o que leva um indivíduo a aplaudir ou a vaiar.

TEXTO I “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. João 8, 7 TEXTO II IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 12 de 15 RASCUNHO DA REDAÇÃO

http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf

Gregório de Matos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTAS: Mapa: entenda-se o verso: exibe árvore genealógica;

vazo a tripa: defeco, chulo 'estou cagando', isto é 'pouco me importo’.

https://www.escritas.org/pt/t/12357/contemplando-nas-cousas-do-mundo-desde-o-seu-retiro-lhe-atira-com-o-seu-apage-como-quem-a-nado-esc

__________

Nos dois quartetos, Gregório critica aqueles que falam mal dos outros, sendo que têm muitos outros defeitos.

Podemos ver até uma paráfrase do ditado "O sujo falando do mal lavado" no verso "Quem menos falar pode, mais increpa". Ainda no segundo quarteto, vemos uma crítica aos oportunistas, àqueles que pretendem descender de uma linhagem nobre, fraudando a genealogia. Já no primeiro terceto, temos uma metáfora no verso "a flor baixa se inculca por Tulipa", em que a flor baixa representa o vulgar que quer aparentar uma condição nobre, como a Tulipa.

No segundo verso, a bengala é índice de nobreza, ao passo que a galorpa, instrumento de carpinteiro; ou seja, condição mais humilde. O poeta critica também a rápida ascensão social dos arrivistas e, em outro verso, "mais isento se mostra, o que mais chupa", os que mais cometem delitos e querem aparentar inocência.

No último terceto, em "Para a tropa do trapo vazo a tripa", vazar a tripa significa defecar e os rumores dos gases intestinais são sugeridos pelas aliterações cortantes dos tr...tr...tr. E no úlitmo verso, ele reagrupa as rimas usadas ao longo do poema que sugerem o som dos excretos caindo.

http://pt-br.mouse.wikia.com/wiki/CONTEMPLANDO_NAS_COUSAS_DO_MUNDO_DESDE_O_SEU_RETIRO,_LHE_ATIRA_COM_O_%C3%81GAPE_COMO_QUEM_A_NADO_ESCAPOU_DA_TORMENTA

Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição,

Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00951.html

__________________

Gregório de Matos e Guerra (Salvador possivelmente em 1636 - Recife 1695) Nasceu em uma família abastada de proprietários da administração colonial. Estudou nos colégios jesuítas e, posteriormente, prossegue os estudos em Coimbra, sendo graduado em Cânones (como se chamava o estudo de Teologia na época). É considerado o maior poeta barroco do Brasil. Por seu estilo satírico e ousadia por criticar a Igreja Católica, ficou conhecido por Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2009/10/contemplando-gregorio-de-matos-229218.html

Dados da Aula - Iniciação ao estudo do Barroco literário.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24624

______________________

Queixa da plebe ignorante e perseguidora das virtudes

http://poeticatecnologica.blogspot.com.br/2011/05/gregorio-de-matos-1636-1695.html

http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf

Que me quer o Brasil, que me persegue?/ Que me querem pasguates, que me invejam?/ Não veem que os entendidos me cortejam,/ E que os nobres é gente que me segue? Com o seu ódio, a canalha o que consegue?/ Com sua inveja os néscios que motejam?/ Se quando dos néscios por meu mal mourejam,/ Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha,/ Se ficam por canalha, e ignorantes/ No rol das bestas a roerem palha. E se os senhores nobres e elegantes / Não querem que o soneto vá de valha,/ Não vá, que tem terríveis consoantes.

____

O poema satírico "Desempulha-se o poeta da canalha perseguidora contra os homens sábios, catando benevolência aos nobres", de Gregório de Matos, dirige sua sátira para aqueles que o perseguiam na Bahia. Os elementos determinadores da sátira são as palavras escarnecedoras que Gregório utiliza para expressar sua revolta contra as perseguições que sofria na Bahia. Em 1694, ele fora deportado para Angola por conta de suas críticas e de escândalos decorrentes, como num golpe militar que o transformou em conselheiro do governo pôde regressar ao Brasil, com a condição de se estabelecer em Recife. No entanto, teve que respeitar uma imposição judicial o impediu de continuar a escrever sátiras. A partir disso, o poeta utiliza termos como "canalha", para as classes sociais baianas, "pasguates", sinônimo de idiotas, palermas, "néscios" sinônimo de ignorantes para denominar as pessoas invejosas que o perseguiam. Gregório compreendia que a inveja provinha do fato de ele ser renomado e reconhecido pela “nobreza” local. Sentia-se motejado (caçoado) e dizia que os néscios “mal moureja” (trabalham, arquitetam). Amaldiçoa seus perseguidores (Isto posto, ignorantes, e canalha/Se ficam por canalha, e ignorantes/No rol das bostas a roerem palha) e isenta os elegantes e nobres de suas palavras (E se os senhores nobres, e elegantes/Não querem que o soneto vá de valha,/Não vá, que tem terríveis consoantes).

Os aspectos Barrocos contidos no poema são: ordem indireta, metáforas, sátiras, o homem como o assunto do poema e hipérbole.

Raquel Selner

Análise 2

Elementos determinadores da sátira – Ao maldizer os ignorantes que o seguem zombando-lhe, são palavras de escárnio como: “pasguates”, “canalha”, “ignorantes”, “néscios”, “motejam”, “terríveis consoantes”, “rol das bostas”.

Objeto da sátira – Gregório fala dos brasileiros que o perseguem, sejam os imbecis que o invejam, os ditos sábios que o bajulam ou aos nobres que o criticam. Critica a plebe ignorante, perseguidora das virtudes, chamando-a de ignorantes escarnecedores.

Momento histórico – Gregório de Matos estava vivendo em um momento em que ao escrever seus poemas, destinava aos brasileiros que o maldiziam pelo o que escrevia satirizando a sociedade.

Aspectos Barrocos – Metáfora, ordem indireta, uso de figuras de linguagem, critica pessoas do povo como ignorantes que maldiziam o que desconheciam.

Carolina Reichert e Sônia Regina Biscaia Veiga

Texto-base digitalizado por: Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/> Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia com o apoio do Projecto Geira

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf

Gregório de Matos - o poeta boca do inferno

http://www.elfikurten.com.br/2012/12/gregorio-de-matos-o-poeta-boca-do.html

______________

ATENÇÃO: Escolha um dos temas propostos e desenvolva a redação, considerando o tema escolhido. IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 11 de 15

TEMA 1: Respeito e interação: o cultivo da auto-estima Educar os filhos hoje é uma tarefa extremamente complexa. Há muitas dúvidas sobre o conceito de educação. Os pais devem reprimir os filhos? Ou deixá-los livres, “senhores de sua vida”? Devem demonstrar seu amor com gestos ou simplesmente amar em silêncio? O respeito do filho pelos pais tem a ver com o modo de agir dos destes?. A partir do texto de Érico Veríssimo e dos textos abaixo, escreva um texto (dissertativo ou narrativo) que apresente a difícil arte de ser pai ou mãe numa sociedade consumista e/ou aponte “caminhos” para o cultivo do amor filial e do paterno-maternal.

TEXTO I “Os pais deveriam ser materialmente menos necessários e afetivamente mais importantes´, ensina o psiquiatra Içami Tiba, autor de Quem ama, Educa”. Época, n. 341, 29 nov. 2004, p. 95. TEXTO II “Revelando maturidade, os pais brilhantes se colocam como modelos de vida para uma vida vitoriosa. Para eles, ter sucesso não é ter uma vida infalível. Vencer não é acertar sempre. Por isso, eles são capazes de dizer aos filhos.“Eu errei”, “Desculpe-me”, “Eu preciso de você”. Eles são fortes nas convicções, mas flexíveis para admitir suas fragilidades. Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno”. .................................

Um jovem que tem baixa-estima se sentirá diminuído, inferiorizado, sem capacidade para correr risco e para transformar suas metas em realidade. Poderá viver um envelhecimento emocional precoce”. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. P. 39. TEMA 2: Comportamento: ovacionar ou vaiar? Para o desenvolvimento de sua redação, considere as idéias do versículo e da charge abaixo e do texto IV - A vaia que salva e escreva um texto (dissertativo ou narrativo) em que se analise o comportamento das pessoas diante de um acontecimento ou de alguém, ou seja, o que leva um indivíduo a aplaudir ou a vaiar.

TEXTO I “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. João 8, 7

TEXTO II IESP / CETEC – Processo Seletivo 2005.1 Página 12 de 15 RASCUNHO DA REDAÇÃO

http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf

J B Pereira e http://www.iesp.edu.br/iesp/downloads/processoseletivo/provas/iesp_cetecpb2005.1.pdf
Enviado por J B Pereira em 27/12/2017
Reeditado em 29/12/2017
Código do texto: T6209910
Classificação de conteúdo: seguro