Lembrando aqui..

A poetisa é um pássaro

Que adotou um jardim

Todo dia ele volta

Procurando um jasmim.

A poetisa que há em mim

Chora o tempo que passou

Os sonhos que não viveu

E os amores que a enganou.

O sorriso da poetisa

É cheio de ilusão

Da Lembrança reprimida

No canto do coração.

Ela traz lá da infância

Memórias que a consome

Das vontades que passou

Da sede, do frio e fome.

Do silêncio do escuro

Das noites de tempestade

Do sol quente e calor

A caminho da cidade.

Das classes gramaticais

Que sozinha estudou

E também da tabuada

Que do lápis decorou.

Dos conselhos dos seus pais

Do natal de Deus menino

Da cantoria no rádio

Da badalado do sino.

Domingo de catecismo

Da bodega de seu Zé

Do papai capando o porco

Da mãe torrando café.

Da ladeira da cacimba

E da casa de farinha

Da palma que o gado comia

E da bença da madrinha.

Da cangalha e caçuá

Caritó e aparador

Da cuia e do giral

Do pilão e do armador.

Tudo que o tempo levou

Ficou vestígios na memória

Agora só em poesia

Revela sua história.

Oxelucia
Enviado por Oxelucia em 22/11/2021
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T7391655
Classificação de conteúdo: seguro