O Homem Mais Solitário do Mundo

Tirou uma moeda do bolso da camisa, lançou-a para o alto e antes que caísse no chão, com um chute, fez com que regressasse ao bolso do qual havia saído. 

O público aplaudiu. Pagaram-lhe drinks, aos quais bebeu tranquilamente. Olhou-se no espelho, gordo, sorriu, a boca banguela exceto pelo canino que estava firme. Sentiu saudades do bares europeus, onde não há espelhos.Notou que todos os fregueses lhe davam as costas, evitando olhá-lo diretamente.

Fora artilheiro pelo time que era torcedor, consagrou-se na seleção nacional e depois tornara-se ídolo na Itália. 

As namoradas desistiram uma após a outra, cansadas de suas promessas vazias. A única pessoa que o visitava em seu imundo apartamento, era sua mãe, que triste, acariciava os cabelos loiros do filho, e dizia bem baixinho, acreditando que não era escutada, " pobre do meu filho, é o homem mais solitário do mundo". 

Na Itália tinha o costume de manter cantis em cada esquina do campo de jogo, próximo as bandeirinhas. Quando ia cobrar um escanteio, agachava-se e fingindo amarrar as chuteiras, tomava um trago. Quando descobriram que ele mantinha uma garrafa de uísque dentro de seu armário no vestiário, foi o fim de sua carreira. Não importa. A única coisa que ele temia era não ter uma garrafa a sua disposição. E por que bebia tanto? Porque a bebida lhe dava a facilidade de esquecer, não a vida, mas a morte lenta e continua em que estava mergulhado; e era bebendo que ele reencontrava a vida verdadeira, a outra, a da alegria sem limites.Tinha sede. 

Tirou uma moeda do bolso da camisa, lançou-a para o alto e antes que caísse no chão, com um chute, fez com que regressasse ao bolso do qual havia saído. 

O público aplaudiu. Pagaram-lhe drinks, aos quais bebeu tranquilamente. 

estebandonatoardanuy.blogspot.com

Esteban Donato Ardanuy
Enviado por Esteban Donato Ardanuy em 11/07/2019
Reeditado em 15/10/2019
Código do texto: T6693578
Classificação de conteúdo: seguro