Há muito tem poatrás, conheci um professor, já à frente do seu tempo que ensinava uma disciplina da área de Humanas e por sinal, um tanto complexa para aquelas jovens mentes que iniciavam a sua jornada na linda estrada da adolescência. Não, não me permito citar nomes neste texto.
Mas, vamos continuar?
O que me lembro bem é que estávamos no ano de 1976, e o sistema de aprendizagem no Brasil era o Behaviorismo. Não me perguntem se era um bom sistema ou não, sei apenas que dele consegui absorver algumas técnicas pedagógicas que guardo até a atualidade. Que bom se todos nós pudéssemos absorver coisas boas mesmo daquelas que entendemos, por algum motivo, serem ruins.
Detesto ouvir professores reclamarem de conceitos e métodos antigos, comparando-os com os atuais. Não podemos confundir algo “antigo” – Velho, comalgo “antiquado”, Obsoleto; e a grande maioria dos educadores que reclamam dos métodos antigos não o vivenciaram. Isso é coisa de educador de pouca classe.
O mundo sempre sofreu em sua história complexa mutação, e todas as descobertas e métodos,  sejam elas na esfera educacional ou em qualquer outra, tem serventia em seu tempo; depois, mesmo que não mais utilizadas, devem ser respeitadas como alicerce que provocou novas mudanças. Trata-se de um processo de inspiração para o Novo, para o Atual.
Ah, o meu professor? Uma pessoa fantástica que conduzia a sua aula com a dignidade de um Mestre do mais alto gabarito. Em cada gesto, em cada explicação, nos transportava ao mundo do conhecimento e nos fazia entender que não há complexidade no que é bem explicado e bem entendido. Uma situação nunca era igual à outra.
A disciplina? Bem, essa simeu vou revelar. Tratava-se da disciplina de Ciências que, à época, incluía um pouco de cada coisa. Umpouco de Biologia, de Química, e de Física também. Estávamos cursando a quinta série ginasial.
Mas, imaginem um Mestre que, ao ministrar uma aula, também nos brindava com fascinantes experiências sobre o assunto abordado. Sim, ele trazia para dentro da sala de aula algumas bugigangas e apetrechos dos mais variados, e ali mesmo executava, tal qual um “Cientista Maluco”, assistido por inatos discípulos, algumas das mais marcantes e inesquecíveis formulações.
Todo aquele ensinamento dos livroseraentão absorvido por nossas fervorosas e sedentas mentes, de formasutil.
Ah, não havia tambémdesrespeitoentreprofessor e aluno, e digo entretodos os professores e alunos.
Ali, na aula de ciências, não ficavam dúvidas no ar, e se algumas ainda perdurassem, existia ainda o fabulosorecurso da pesquisa. Sim, emplenoBehaviorismo, a figura do alunopesquisadorjá existia. Já sabíamos comofreqüentarbibliotecas e comoprocurar os assuntos de nossosinteresses.
Vejam bem, estou falando de uma épocaemque estávamos imerso sem uma educação direcionada, conduzida por um Regime de Governo de características metódicas, porém, alguns educadores já vislumbravam a oportunidade de objetivar a construção de jovens cidadãos.
Eu fui um deles, e muitos dos meus amigos também. Vivemos, brincamos e crescemos, e por último, atravessamos décadas rumo a um outro Regime de Governo. E as nossas vidas envoltas de bons costumes estão aqui, na contemporaneidade. Uns se tornaram professores, outros profissionais liberais e outros, seguiram profissões consideradas ainda nos dias de hoje, da mais alta estirpe; valha-me o Decreto Imperial. Como se em toda formação classista não existisse a figura enaltecedora do professor.
Ah, o meu professor? Talvez esteja poraí, já aposentado, ou não. Talvez seja um desses insistentes educadores que nunca deixaram de formar cidadãos, que persistiram em sua jornada rumo a grandeza pessoal.
E outrora, deve ter sido também um bom aluno, para se tornar um bom profissional da educação. Não daqueles estudantes que param as suas atividades regular espara protestarem contra algo ou alguém, como se isso, Ato comprovadamente ineficiente, fosse mudar algo ou melhorar situações.
Ele deve ter protestado em sua época sim, como qualquer jovem que clama por mudanças, mas em momentos à parte, que não fossem lhe prejudicar os estudos correntes, para que assim, não fosse prejudicada também a sua bela formação profissional. Foi um idealista, ou talvez um líder nato, forjado no mais puro molde do existencialismo.
Ah, e os professores que conheço hoje? Fazem-me lembrar dele. Será que aquele molde ainda existe? Penso mesmo que sim!
Mas, e a nossa educação atual, como vai?
Já me apresentaram a ela, tive pena; mal consegue fugir do assédio inescrupuloso de tantas ingerências. Arrasta-se de tal forma que qualquer um pode alcançá-la e depositar nela uma dose insensata de uma droga chamada “Mudança Radical”, sem explicações ou satisfações quaisquer, deixando as pobres mentes discentes à mercê da revelia.
Ela pede socorro, pois sem ela não poderemos, enquanto sociedade legalmente constituída, florescer, acabar com os maus costumes, com a anarquia e com a inconseqüência de achar que tudo pode voltar a ser e a existir, emforma de Neo.
Ajudá-la, sim, na qualidade de cidadãos que possuem consciência para mudanças e que as querem de maneira justa e séria, para comisso poderem ver seus filhos e netos viverem e crescerem apreciando uma vida de brincadeiras, de descobrimentos e de muita harmonia. Como foi a minha vida e como talvez tenha sido a sua.
E somente assim, ao passar em frente a uma escola, você terá a satisfação de perguntar:
_Como vai você, Educação?
Talvez alguém te diga, que ela vai indo muito bem. Obrigado!
O Guardião
Enviado por O Guardião em 20/08/2008
Reeditado em 03/09/2009
Código do texto: T1137627