Mais um crime bárbaro em nome do amor... Já não se consegue definir mais o que se chama de amor. Posso estar vivendo em um mundo poético e fantástico, distante do que percebemos nas relações que falam em nome do amor, mas, que mal conseguem se estabelecer como afetividade. Posso até estar fora de moda, ser considerada uma saudosista utópica e me perceberem como sonhadora, mas o que sinto em relação ao amor é diferente do que vejo.

Ficar procurando culpados para a distorção de um sentimento tão nobre, não ajuda a transformá-lo. O fato é que apesar de rogarem por amor, o ser humano, sem querer generalizar, afasta-se todos os dias da essência do amor.

         Meios de comunicação estimulam a liberação da sexualidade. Crescem as distorções dos relacionamentos. As famílias, em novas proporções, diretrizes e estruturas, já não conseguem lidar com as demandas das crianças, dos adolescentes, porque já não lidam nem ao menos com as próprias questões. Pais que não cresceram que não aprenderam a amar. Falta de tempo, ou melhor, de organização do mesmo, excesso de materialismo, ganância, poder, desejo de ter.

         Um leque de deficiências afetivas, que passaram a fazer parte dos nossos dias e que apesar de desumanas, absurdas e inconseqüentes, estão tornando-se normais. Sentimos, mas depois passa. É mais um fato em um emaranhado de equívocos que nos afasta cada vez mais da essência de tudo que deveríamos ter aprendido sobre amar.

         Crimes em nome do amor... Que já aconteciam desde o início do mundo, mas que hoje, a meu ver, deveriam ser menos hediondos, porque informação não nos falta. Especialistas que tratam do assunto muito menos; divulgação da necessidade de afeto é o que pregam todas as religiões, crenças, sociedades.

         Há na fala, no pensamento e no comportamento humano um desejo grande de Amor, mas a solidão tem tomado conta de todos os lares (quando existem), de todas as pessoas. Não importa idade, sexo, crença, todos se queixam da falta de amor.

         Custa-me crer que estejamos caminhando pra uma era onde a violência será vista como normal, que sentimentos serão traduzidos em fantasias, que o amor seja apenas um ato momentâneo, onde se importa pouco com o que se deixa no coração das pessoas.

         A conquista é uma arte... o esquecimento um exercício doloroso. Às vezes, não nos damos conta dos estragos que causamos no coração das pessoas e saímos, distribuindo ilusões, sem nenhum compromisso e respeito pelo outro. Essa ausência pode causar danos irreversíveis. A carência é o que há de mais real nos dias de hoje e apegar-se se tornou perigoso, porque nos esquecemos do sentido do amor.