"Pré-conceito"

Maria é uma mulher que possuía na carne resquícios claros de sua família. Uma mentalidade corroída pelo destino cruel de uma mulher negra desprezada por uma sociedade tradicionalmente branca. Sua cor de pele sempre foi motivo de piadas desagradáveis que lhe causava grande constrangimento e profundas marcas traumáticas durante sua infância triste. Órfã de pai e mãe, Maria não tinha uma base familiar razoavelmente estruturada, não sabendo, porém, o significado de um lar.Nasceu e cresceu numa casa, de família nobre, onde diariamente prestava serviços gratuitos, servindo de escrava do lar.Onde sua dedicação e carinho eram pagos com maus-tratos, humilhações, espancamentos e desprezo pelos patrões.

Aos domingos, à noite, Maria debandava-se para os barzinhos para esquecer as palavras travadas na garganta em momentos de raiva, na qual enfrentava diariamente. Normalmente, Maria tinha casos com homens que mal conhecia. Num desses descuidos de embriagues acabou por engravidar de um dos homens desconhecidos dos barzinhos freqüentados por Maria, aos domingos à noite.

A descoberta, da possível gravidez de Maria na família causou ainda mais ódio por parte de sua mãe adotiva, que tentava inutilmente convencê-la que um aborto seria a melhor solução, para ambas as partes, mas a imutável opinião de Maria irritava a família causando confronto absoluto.

Maria, que ao seu sétimo mês de gravidez, vivia cansada, com o enorme peso a carregar em sua barriga. Sentou-se a varanda para o rotineiro descanso da tarde. Quando foi surpreendida por uma água fervente que jorrava por todo lado, encolhendo sua pele, causando um ardor insuportável. Já não conseguia mais enxergar, só sentia queimar seu corpo inteiro e ouvir os gritos que ecoavam pela casa, e ao pensar no filho ardia cada vez mais. De repente o silencio...E já não mais sentia, nem ouvia e nem pensava.

Carolaine
Enviado por Carolaine em 03/05/2006
Reeditado em 03/05/2006
Código do texto: T149700