O escudo da vez

O país inteiro ficou sabendo da trágica morte de João Hélio Fernandes, o pobre menino de 6 anos que foi arrastado por 7km no Rio de Janeiro em uma tentativa de assalto. Porém esse não foi o primeiro de uma série de mortes que ocorrem no Brasil e em outros países. São essas fatalidades que horrorizam metade da população mundial. Dentre os cinco acusados de ligação com o crime, um deles tem 16 anos.

Pela lei, ele ainda não tem idade suficiente para responder por seus atos. Ele e milhares de outros que já cometeram, por incrível que pareça, crimes mais hediondos. São esses os impunes da sociedade que vivemos, e é justamente por isso que a questão é de cunho social. Por que caberia apenas aos nossos gloriosos políticos a decisão de punir ou não aqueles jovens inconseqüentes pelos seus crimes? Não seria justo que todos tivéssemos voz em uma decisão dessas? Aparentemente não. Está em pauta agora, a diminuição da maioridade penal do país de 18 anos para 16. Caso essa lei já estivesse em vigor no nosso país há mais tempo, sem a menor sombra de dúvida as penitenciárias estariam transbordando delinqüentes pelos muros. Pior ainda, não teríamos a menor certeza de que de fato os índices criminais fossem mais baixos, caso da Espanha que teve sua maioridade penal diminuída para 14 anos e sua violência só aumentou.

Se devemos mesmo seguir exemplos estrangeiros, devamos seguir exemplos nos quais são investidos o dinheiro público em educação dos jovens, para que não sejam infratores da lei antes mesmo de poderem ser punidos por suas ações criminosas, já que aparentemente, temos todos a sina do crime em nossos caminhos ou em algum outro que cruze o nosso. Não devemos apenas nos iludir com a linda suposição de que essa será a solução de todos os problemas de violência no país, eles vão muito além disso: o tráfico e todo o universo criminal, a falta de educação popular, o desemprego, dentre outras causas. Cabe a cada um de nós tomar reconhecimento do que realmente mudaria os números das pesquisas, o que realmente mudaria a situação calamitosa atual do país.

Ainda que o super-homem não tenha chegado ao nosso país, criemos nosso próprio, punindo os infratores da lei, por mais novos que sejam. Se alguns deles já podem escolher os caluniosos e ainda tão amados políticos a representarem suas vontades, por que não também responder por suas ações?

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 26/03/2007
Reeditado em 07/04/2007
Código do texto: T426890