Meu Anjo na Terra

Eu estava começando, mais uma vez, a estudar física com meu primo, já que, para mim, essa era uma das matérias mais difíceis do mundo. Quanto mais ele explicava a matéria, mais eu me desconcentrava e relembrava vários momentos vividos. Foi no instante em que ele parou de falar que a lembrança mais turbulenta chegou. A lembrança do dia em que senti raiva, felicidade, tristeza e saudade misturadas em vinte e quatro horas do meu dia.

Eu estava impaciente à espera do meu primo. Ele estava vindo me salvar em física e depois sairíamos para uma festa, já que, como sempre, ele foi o único a aceitar o convite para aquele estranhíssimo lugar.

Era previsto para ele chegar em minha casa às duas da tarde. Porém, havia dado quatro e eu não tinha nenhuma notícia dele. Senti uma repulsa enorme! Como meu maior confidente havia me deixado? Eu precisava dele! Entretanto, aquele sentimento não durou mais de cinco minutos. Tristeza e desespero juntamente ao desmoronamento do meu mundo chegaram logo em seguida. Minha tia havia ligado e contado que meu primo havia sofrido um acidente.

O tempo entre a ligação até o encontro com meu primo no quarto de hospital passaram como um borrão, tanto para minha mente conturbadíssima como para meus olhos vermelhos e molhados. O medo que senti ao abrir a porta de seu novo quarto foi imenso, só não foi maior do que o alívio e felicidade de vê-lo sorrindo e, principalmente, respirando.

Meu transe acabou com meu primo me perguntando se eu havia entendido o exercício. Com lágrimas nos olhos, puxei-o para um abraço, afinal, ele é singular na minha vida e eu o amo por isso.