SAUDADE QUE APERTA O PEITO

Final de semana, 27 de janeiro de 2018. Todos seguiram a estrada e eu optei por ficar em casa com minha mãe idosa para cuidar dela com muito zelo e amor. O dia de hoje foi diferente. O sol escaldante resolveu descansar um pouco deixando uma chuvinha gostosa cair das nuvens e molhar os telhados de nossas casas. No peito, uma saudade.... E, na mente, uma viagem em lembranças de tempos vividos no Québec/Canadá. À minha frente, meu companheiro e confidente Notebook... Abri vários arquivos para reler e rememorar os bons tempos. Revivi as lembranças em fases pintadas pelas estações do ano... Então, lá se foi eu...Revivendo aqueles momentos das fotografias acompanhados pela minha coletânea musical...

Mergulhei fundo no oceano de minhas recordações que escoaram em momentos intensos e vividos em sua plenitude. Me deparei dividida. Ora com o meu coração voltado para o Brasil, ora totalmente abraçada ao novo continente... Cada fotografia se fez em meu olhar uma roda de dança e de ternura ao ver meus amigos de faculdade e de trabalho, as belas paisagens, minha família e alguns amigos do Brasil que foram me visitar e, claro, um amor que bateu à minha porta (Marc)... Foram momentos vividos pela auréola do tempo, berço construído nos olhos que enxergaram os impactos culturais aprendidos um com o outro.

Os arquivos eram diversos, os sorrisos eram perfumados nas asas que cobriram meus seis anos de permanência em um mundo de luzes e cores. Cada cidade visitada, um aroma nascido de uma ninhada de auroras. Meus dias e minhas noites eram a inocência de um mundo a ser desbravado com muita determinação. O meu sangue fluía em veias de um carinho traduzido em flor. Flor esta que desabrochava em jardins regados com ternura, respeito e muito amor.

Momentos solitários eu vivi! Porém, uma amizade construída com as pessoas que nos rodeiam é fruto que não se consome e, sim, que se recolhe para dentro do coração.

Na clareza inebriada de um tempo que escolhi viver me senti, muitas vezes, tão perto daquilo que havia almejado para mim. Em momento algum, eu pensei em desistir deste projeto. Ao contrário, o medo do desconhecido me atraía e minha alma se apresentava determinada para a conquista de uma carreira profissional que hoje exerço abraçando com muito amor.

Algumas fotografias registraram meus momentos de solidão que procurei canalizar em forma de poesias. Abro um parêntese agora e digo que a poesia, bem como o seu idioma utilizado, ultrapassa sua função meramente comunicativa e se torna, ela própria, a matéria prima para uma obra de arte. Foi neste espaço literário - Recanto das Letras - que dediquei muitas horas de minha vida para estar perto dos meus compatriotas, de minhas raízes culturais, enfim...Fiz também muitas amizades e aprendi muito com cada colega das letras que me ensinaram a ver que, na poesia, se evidenciam as potencialidades da linguagem: a metáfora, as figuras de linguagem, a conotação, a sonoridade e a maneira peculiar, diferente e criativa de expressar pensamentos e sentimentos que residem numa invenção verbal/escrita...

Hoje, o meu tempo para rabiscar alguns textos está limitado. Contudo, vira e mexe, me vejo parada num semáforo e, em pensamentos, componho no ar um canto adubado pela suavidade do sentimento do momento.

Ah, saudade danada!!!!! Como o tempo está voando... Me vejo correndo aqui, correndo ali... E, nesse exato momento, aos 27 de janeiro de 2018, a chuvinha do momento lava essa saudade latente no peito que dobra o tempo nas repicadas dos sinos de minha história que registra minhas conquistas. Creio que não existe mar bravio ou ventos contrários que não consigamos o que queremos desde que se enfrentado com muita determinação e afinco. Não existe tempestade que não possamos transpor, nem rota de superação que não se conheça...

Meu dia de hoje foi uma pintura não em tinta a óleo mas numa razão nostálgica envolta em lembranças perfumadas que estão gravadas em meu coração feito livro em letras grandiosas de grande quilate.

Fortaleza, 27/01/2018

Amethystte
Enviado por Amethystte em 29/01/2018
Reeditado em 29/01/2018
Código do texto: T6239010
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