História reversa: a perspectiva do olhar histórico nas eleições atuais

História reversa: a perspectiva do olhar histórico nas eleições atuais

Marcel Franco Lopes

Historiador e licenciando em História UTP

Atualmente, passamos por um processo de transição política rumo à normalidade do processo democrático. No entanto, um período para repensarmos nossa história.

No presente ano, no mês de outubro, ocorrerão as eleições para escolhermos o futuro presidente que assumirá a cadeira do atual, Michel Temer, que era vice da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mesmo assim, o processo político será o mesmo, promessas de campanha honrando melhorias, investimentos e progresso em todas as áreas do governo. É possível, baseando-se em campanhas passadas, adquirirmos melhor senso crítico afim de melhorarmos nossa escolha?

É evidente que sempre seremos movidos pela esperança de uma condição melhor para nossa sociedade. Isso faz com que sempre esperemos pela mudança. Mas, seria possível presumir que tal mudança ocorreria em curto prazo?

Na perspectiva social, eis um processo lento e complexo, uma vez que envolve todos os setores da sociedade. O processo democrático não representa, no mundo real, a igualdade posta em prática, de modo que se erradique a pobreza e à fome, doenças, os sem teto. Pelo contrário, representa muito mais a sistematização de políticas públicas para manutenção de uma ordem, do que privilégios à sociedade.

Na prática, a existência de tamanha disparidade social serve como objetivo de campanha política, quase como presumir que, em uma sociedade igualitária, os políticos não seriam necessários, ao menos exercendo o papel que exercem atualmente.

A História reversa tem por objetivo “espelhar-se” em eventos passados para poder se prevenir no futuro de reviver as consequências. Mesmo assim, não quer dizer que há “repetição genuína” dos eventos históricos. A História se repete, no entanto, adapta-se às condições de cada tempo. Evita-se, nesse sentido, de se cometer anacronismo, isto é, de colocar condições análogas à sociedade do tempo estudado.

Diante do exposto, como nos prevenirmos de reviver nova instabilidade política? Não há como, de fato. Mas é possível estabelecer um recomeço na maneira como escolhemos nossos representantes, deixando de desprezar a política e cobrarmos, afinal é nosso direito, o cumprimento, no mínimo, do que foi proposto durante a campanha.

Mais uma vez, não custa enfatizar, é um processo lento, à longo prazo, que provavelmente não veremos se concretizar, mas se dermos início à esta mudança, estaremos próximos de garantir que nossos filhos, netos e demais descendentes, vivam em um país menos corrupto.

Estabelecer a ruptura diante de séculos de instabilidade, de fato, não é um processo fácil, simples e que se resolve “da noite para o dia ou de um ano para o outro”. O difícil é começar, acreditar ter plantado a semente da mudança em solo fértil, porque continuar é uma questão de perceber a melhora dos resultados e da condição social.

Considerações finais

Não se trata de uma ideia nova, a sociedade tenta, há gerações, pôr em prática esta mudança. É a própria sociedade que está corrompida, seja pela “borrada” concepção de bem estar e felicidade, seja pelo descredenciamento moral que a política implantou na sociedade.

Em uma sociedade corrupta, é ainda mais difícil achar pessoas não corrompidas. Por mais que pareça improvável, o grande problema está na prática do exercício democrático.

Portanto, enquanto o povo brasileiro agir como um aluno desinteressado nas aulas da vida, o Brasil continuará sendo um país podre por dentro, e, tal efeito de empobrecimento, reflete não só em carências sócio econômicas, mas em político-educativas e culturais.