FOI AMOR

O amor não tem idade e não tem hora para chegar. Esse é um ditado do qual não sei a autoria, mas algumas vezes escutei e até empreguei em algumas ocasiões, principalmente nas ocasiões em que o amor estava no ar.

Certo dia, final da tarde, quando cheguei em casa, não pude deixar de perceber a presença daquela ilustre visita, sentada no tapete da sala de estar, como que já soubesse ao fim para que veio. No mesmo momento em que a vi não pude me conter ao grande amor que me ascendeu naquele momento, um amor absurdamente verdadeiro que só quem ama com todas as letras é capaz de sentir.

Ele era lindo. Me apaixonei sem pensar duas vezes, até porquê não é preciso pensar para se apaixonar, contrário disso, nunca pensamos antes de nos apaixonarmos, simplesmente acontece e aconteceu comigo. Os olhos pretos de olhar firme e paralizante foi o primeiro sinal vindo dele, de que algo bom estava para acontecer. De que algo contagiante, puro, sincero e recíproco pairava entre nós através daquele encarar de olhares. Amei, disse eu. Simplesmente amei. E ele entendendo o significado daquelas palavras correu para meus braços e foi aí que o primeiro beijo aconteceu.

Não. Não foi bem um beijo. Uma passada de língua tão genuína e espontânea que não há como negar que foi o beijo que ele tinha para me dar. Thor! Vai se chamar Thor. Desse momento em diante a conexão entre nós se estabeleceu de uma vez por todas e o amor, o verdadeiro amor, já não havia mais como dele escapar.

O pêlo bem branquinho, tão macio e cheiroso como um ursinho de pelúcia daqueles que os namorados costumam presentear-se para expressar o carinho e amor que sentem um pelo outro. As orelhinhas caídas, as patas ainda não tão firmes, caminhando de um lado para outro, ainda cambaleante e desengonçado, como qualquer animal filhote que rescém fora desmamado. Aquela carinha meiga, cuja proposta se confundia entre o querer a afabilidade suave ou o cutucar das brincadeiras dóceis de cão e dono. O focinho gelado, a boca molhada, os dentinhos pontudos e a língua grande e babada, tudo isso faziam dele a criatura mais perfeita que eu acabara de ganhar.

Muito obrigado. Assim agradeci sua primitiva dona, que nos deixou curtindo aquele êxtase interminável e inebriante que somente os apaixonados são capazes de sentir.

Não foi o primeiro cão, mas foi o primeiro Golden Retriver de minha história e eu, simplesmente estava encantado pela beleza, pelo carinho e companherismo que esse caozinho dispunha para comigo. Já perdi as contas de quantos chinelos esse danado já comeu e de quantos potes de ração ele já destruiu. Plantas ornamentais não posso ter mais, pois ele come tudo. Até pedra ele não perdoa.

As vezes, em poucos minutos, ele me dá uma canseira que parece termos brincado o dia inteiro. E salta, e corre, e pega a bolinha, e morde, e pula no sofá. Não importa o quanto me canço, pois esse preço ainda é pequeno comparado a alegria e o amor que ele me dá.

Não há exigências, não há cobranças, não há mágoas ou ressentimentos entre nós, tão somente ficamos felizes pelo fato de um existir para o outro. É um amor perene, livre de qualquer vício ou ruptura que muitas vezes encontramos no amor entre os seres humanos. Com ele não. Com ele a constância deste único sentimento é a razão pela qual nos torna um dueto onde o que um sente reflete no outro de forma tão natural que chega ser até dificil de entender.

Haverá um dia em que um ou outro faltará. Talvez por acaso do destino, seja eu, ou, talvez seja ele, já que sua permancência não é muito longa. Será um dia que só de pensar já me enche os olhos de lágrimas, por isso, não penso. Por isso que, a cada minuto que passamos juntos é motivo para aproveitarmos o máximo esse amor, embora saibamos que a partida de um de nós jamais será capaz de apagar.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 15/03/2018
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