Uma difícil decisão – O parto (Capitulo I)

Era uma bela noite de quarta-feira, quando Ana Lucia a esposa do juiz Carlos Almeida Brandão começou a passar mal, não demorou e a bolsa estourou.

Ana Lucia muito calma disse ao marido:

_ Precisamos ir a nossa menina vai chegar.

Carlos olhou a esposa e falou:

_ Como?! Sem se dar conta do que aquela frase realmente significava.

Assim que ele percebeu do que se tratava, pulou da poltrona e começou a correr de um lado para o outro, estavam no campo e o desespero tomou conta dele e ele começou a falar:

_ E agora, como vamos chegar a tempo? Andando feito barata tonta.

Ana Lucia por sua vez, foi colocando as coisas no carro, pediu a Maria que fechasse a casa e foi Maria quem a ajudou a se trocar e a arrumar tudo entre uma contração e outra. Por fim, entregou as chaves do carro ao esposo e deitou-se no banco de trás.

_ Seu Carlos! Gritou Maria.

Carlos correu entrou no carro e saiu. O filho de Maria o pequeno Antônio foi quem abriu o portão da propriedade. Ele passou com o carro a toda a velocidade, tentando organizar o caminho e saber para onde ir, foi quando Ana Lucia interrompeu seus pensamentos indicando um hospital público que ficava a pouco mais de 3 Km dali.

Carlos respirou aliviado, lembrava-se do hospital.

_ Mas, não será o doutor Alfredo que fará seu parto? Indagava ele quase como um lamento, que foi interrompido pelo urro de dor que Ana Lucia deu.

_ Só me leva para o hospital... urrou Ana Lucia.

Naquele momento ele compreendeu que o melhor era encontrar um médico e com certeza hospitais têm médicos.

Naquela mesma noite, outra mulher, Júlia, moradora do lixão deu entrada no mesmo hospital público para onde se dirigiam o juiz e sua esposa.

Em poucos minutos deu a luz a uma menina pequenina, que apesar de ter chorado forte, não demorou para que o médico com seu olhar materialista visse tamanha dificuldade para aquela criança, que sentenciou olhando a mãe que a segurava nos braços:

_ Uma pena que não viverá!!!

A mãe ouvindo aquilo achou que a criança tinha alguma doença e abraçou aquele pequeno ser chorando, mas foi interrompida pelas enfermeiras que entraram no box da emergência gritando:

_Tem outra mulher dando a luz, doutor? Venha!

_ Por que tanto desespero? É apenas mais uma... Disse o médico contrariado.

_ É a esposa de um juiz. Falou baixinho uma das enfermeiras.

Júlia que ouvia a tudo pensou, quem sabe possa pedir ajuda para eles e salvar minha menina, que naquela hora uma enfermeira levava para o berçário para os procedimentos de limpeza e identificação.

Júlia levantou-se e foi até o juiz que andava de um lado para outro e falou-lhe suplicando a sua ajuda, mas ele não estava nem pensando quando pediu para não ser importunado por pedintes, a mulher afastou-se chorando e foi em direção ao berçário, onde acabava de chegar a menina filha do juiz, ela entrou no berçário e as duas crianças estavam lado a lado, a filha do juiz e a dela, foi neste momento que uma enfermeira gritou para as outras:

_ Venham ajudar, a mulher está com hemorragia. Todas saíram.

Júlia se viu sozinha no berçário, a identificação da menina nem tinha sido posta ainda, então ela teve uma ideia para salvar a filha e sem tempo a perder colocou a pulseira com o nome da esposa do juiz no bracinho de sua pequena, tirou o pano que enrolava a sua menina e pegou a filha do juiz em seus braços e fez uma promessa àquela menininha, em voz baixinha:

_ Enquanto eu viver farei tudo para que não sofra, mas me perdoe pelo que vou fazer agora, por favor!

A criança em seus braços não chorou, apenas olhou para ela com um olhar de ternura que quase a fez desistir da decisão. Julia virou e acariciou a sua menina, que dormia.

Pegou a identificação da sua menina e levou o bebê para o box com ela. Nesse momento uma enfermeira trouxe roupas doadas por alma caridosa e vestiu a criança que parecia sorrir com os olhos e vendo a mãe chorando, perguntou:

_ Está com fome?

Ela respondeu num menear de cabeça.

A esposa do juiz melhorou rapidamente e como se por mágica, tudo ficou calmo. A criança foi levada até Ana Lucia que a envolveu em seus braços e mostrando-a ao esposo disse:

_ Olha a nossa princesinha!

No dia seguinte todos foram liberados, Júlia foi liberada pela manha, durante todo o tempo não se ouviu um choro daquela criança.

Júlia buscou saber o nome do juiz e de sua esposa e onde moravam.

A criança de Ana Lucia e Carlos recebeu o nome de Carla.

Continua...