Uma difícil decisão – O parque (Capitulo VI)

Assim que a aula terminou Gio se aproximou de Angel.

_ Oi, Angel! Vim te buscar, sua mãe está precisando de você.

_ O que houve? Ela está bem? Você está bem? Você chorou? Está tudo bem com minha mãe?

Dona Cecília vendo Angel indo com Gio, correu e disse que ia junto, porque sua afilhada não ia só com um estranho.

Gio balançou a cabeça e Angel abraçou o braço de dona Cecília e foram com ele, assim que chegaram ao prédio Angel perguntou:

_ Quem mora aqui?

_ Minha irmã, por quê?

_ Eu sonho com esse lugar...

_ Como assim?

_ Um velho me traz aqui para tocar piano, uma mulher e às vezes um homem ficam na sala e ouvem a música.

_ Sabe quem é o velho?

_ Não! Eu o chamo de vô. Já que não tenho nenhum. Ele disse que tem uma foto dele no escritório, de quando ele usava bigode...

_ Ele não usa mais bigode?

_ Não! Os filhos dele cortaram quando ele estava no hospital. Minha mãe está aqui? Por quê?

_ Ela vai te contar... Disse Gio segurando a emoção.

Assim que Angel entrou no apartamento, dsse:

_ É aqui que venho, o piano fica naquela sala de estar, o escritório com a foto do senhor fica naquela porta... E ela foi dizendo os detalhes da casa para Gio enquanto ainda está na soleira da porta de entrada.

Todos, na sala ouvem sua voz, Ana Lucia se emociona e Júlia suspira, enquanto que Marilda chora.

Angel se aproxima de Marilda e pergunta:

_ Está tudo bem com você? Posso lhe ajudar em algo? E segura a mão da empregada entre as suas.

Marilda se comove com a preocupação da menina.

_ Angel? Chama Júlia.

_ Oi! Mamãe a senhora está bem? Responde Angel se afastando de Marilda e adentrando a sala de estar.

_ Sim! Eu preciso lhe contar algo muito importante.

_ Pode dizer!

Dona Cecilia entra na sala seguida por Gio e por Marilda, que não deseja perder nada daquela história.

_ Essa é a sua mãe de verdade! E aponta para Ana Lucia, que chora sentada no sofá.

_ O que?! Diz Angel espantada.

_ Há quinze anos atrás, eu tomei uma decisão, troquei duas crianças no hospital,... uma eu levei para casa,... a outra veio para essa casa e foi criada até agora pelos seus pais verdadeiros.

_ Por que fez isso? Se isso é verdade, me diga por quê? Disse Angel sem lágrimas nos olhos e sem nenhuma mágoa. Ela estava como sempre procurando entender as razões daquela situação, sem um julgamento pré-estabelecido.

_ O médico disse que ela ia morrer e eu só queria dar a ela uma chance de viver... me perdoa? E começa a chorar novamente.

Então Angel vai até ela e agora com lágrimas nos olhos e a abraça com ternura e sussurra baixinho:

_ Está tudo bem! Deus tem as razões que eu desconheço. E a senhora sempre me foi uma excelente mãe.

Gio foi até Angel e a abraçou, todos choravam. Dona Cecília nem imaginava, mas agora entendia tudo.

_ Foi sua filha que te chamou de monstro no parque? Perguntou dona Cecilia.

_ Sim!

Dona Cecilia entendia o sofrimento de Julia e a renuncia que ela estava fazendo agora.

Angel olhou para Ana Lucia e disse:

_ Eu sei quem é a senhora! A senhora é a moça que me escuta tocar este piano todas as noites em que o velho me traz aqui.

Continua...