Parado! Isso não é um assalto.

As raízes coloniais no Brasil deixaram marcas de crueldade que atravessaram séculos e que ainda hoje marginalizam o negro, que é muitas vezes hostilizado como alguém com potencial de criminalidade.

Uma denúncia poetizada dessa conduta atroz pode ser evidenciada na canção "As Caravanas" do compositor Chico Buarque de Hollanda, em que a população marginalizada do Rio de Janeiro - com supremacia negra - é hostilizada duramente, com injúrias que fazem alusão à característica criminosa, como se estes fossem bandidos e necessitassem de cuidados policiais, por incomodarem os cidadãos de "bem" - brancos, em sua maioria -, de terem um final de semana aconchegante na praia.

Um marco social que ressalta a indiferença com a situação do negro na sociedade brasileira é a supressão de sua voz, no que diz respeito às cotas raciais. O argumento retórico para a tentativa de invalidação desse direito é a questão de ser depreciativo, algo que seria pejorativo às suas condições intelectivas. Obviamente, é puro silogismo. Pois é evidente que a justificativa disso refere-se à questões históricas, quando este acabou sendo marginalizado após o 13 de maio de 1888, e foi substituído pela mão de obra europeia, com premissas ilógicas de "embranquecimento" da população, a partir daí, argumentos filosóficos não podem ser centrais para uma dívida histórica.

Infere-se, desse modo, que a condição do negro no Brasil é aleatória, com preconceito racial personificado, que agride sua integridade como indivíduo desde o colonialismo; atualmente, essa injúria se transfigurou em algo velado, em que a questão racial é relativizada e a vítima acaba sendo culpada pela dívida social que se construiu na base da escravidão. É relevante corroborar o dever do Estado em garantir a equidade entre os cidadãos, independente de sua etnia, o que enfatiza a penúria pela qual essa parcela vive para ter sua luta reconhecida pela supremacia brasileira; a instituição máxima deve ser mais incisiva nessa questão, nem que tenha que se valer da incursão dos setores que garantam a aplicação de leis que salveguardem os direitos dessa parcela. Ao Ministério da Educação, cabe a elaboração de campanhas de conscientização da população sobre a luta do negro e da importância de sua inserção em todos os setores da educação e da sociedade. Com isso, a curto prazo espera-se que essa parte social tenha mais acesso educacional, e a longo prazo, estima-se a redução do preconceito racial e, por conseguinte, que a parte acometida usufrute dos seus direitos cívicos como parte integrante e atuante nos diversos setores da vida.