Sociedade Digital

A inclusão digital tem se tornado uma das corridas mais importantes para o exercício da plena cidadania no Brasil, visto que a globalização exige o domínio das tecnologias informacionais e de comunicação, para que o indivíduo se conecte ao coletivo global. Entretanto, existem impasses que impedem sua efetiva propagação no que tange a população periférica.

Para explanar tais obstáculos, é preciso compreender que a sociedade brasileira se desenvolveu de forma segmentada, de modo que a parcela mais beneficiada e, por conseguinte, que possui acesso aos serviços mais rapidamente, concentra-se na elite. Um exemplo para corroborar isso, é que no Segundo Reinado, quando D. Pedro II trouxe o telégrafo (uma nova tecnologia para época), sua propagação em residências mais singelas só ocorreu após a queda do Império, em estágios mais contemporâneos da República. O mesmo ocorre com o computador, que até pouco tempo era novidade (e ainda é para alguns) assim como o telégrafo outrora fora.

Ademais, o mercado de trabalho está amplamente conectado ao universo digital. Então, não ter o domínio e acesso aos meios da globalização virtual, significa marginalização ou inserção aos subempregos, que exploram as condições físicas e psíquicas do ser. Corroborando isso, a frase de Francis Bacon “Conhecimento é poder” é plausível no que concerne a acessibilidade aos meios de informação e cultura, ter o domínio dessa ferramenta digital é transcender o díspar e ao menos ter equidade para disputar as possibilidades do mercado de trabalho, além de agregar valores culturais à vida.

Infere-se, desse modo, que em virtude dos fatos supracitados, é relevante que para a completude da cidadania, o indivíduo com menores possibilidades possa ser incorporado à essa dinâmica rede virtual. Para isso, o Estado deve ser efetivo na fragilização das disparidades. Desse modo, cabe ao poder legislativo criar uma Lei que regule os preços de computadores e tecnologias informacionais e de comunicação, numa faixa acessível aos consumidores menos favorecidos, pela redução do valor e em casos extremos (de maior fragilidade econômica) com a supressão dos juros sobre o produto. Vale ressaltar que essa iniciativa deve ser discutida entre as esferas público-privada. Além disso, deve-se chegar a um consenso com prestadoras de Internet, para que o cidadão tenha acesso ao meio virtual e atinja o máximo bem estar social. Apenas assim será possível dar equidade para que a população cresça de forma igualitária e a curto prazo já dê sinais de redução das diferenças sociais.