A simbiose na política

A aproximação das eleições 2018 está aumentando nos eleitores brasileiros a expectativa para verificar como se comportará o cenário político após a escolha dos representantes, tanto do poder executivo quanto do legislativo. Um dos receios do eleitor é presenciar a relação “simbiótica”, em seu grau mais elevado de fracasso no país, entre esses dois segmentos, uma vez que a articulação política corre o risco de ser realizada não com o intuito de beneficiar a população brasileiro, mas de descrever um campo de guerras impulsionadas por uma única causa: interesse partidário.

O que os brasileiros temem é que a relação entre o(a) futuro(a) presidente e os futuros parlamentares seja a mais contrária possível da associação ecológica intitulada “simbiose”. Nessa associação, indivíduos de natureza diferente apresentam uma relação harmoniosa entre si, em que ambos são beneficiados pelas ações realizadas no espaço biofísico, como no caso da relação entre a célula e a mitocôndria. A primeira é responsável pela alimentação e pela segurança das mitocôndrias, que vivem no interior das células; ao passo que a segunda é responsável pelo fornecimento de energia para as células.

A priori, o sistema presidencialista foi criado com a intenção de atribuir autonomia aos três poderes: judiciário, legislativo e executivo, todavia esses dois últimos exercem funções mais estreitas, em que, ao legislativo, cabe fiscalizar os atos do(a) representante do executivo. Deve-se ressaltar que a criação e a aprovação de projetos de lei funcionam como uma espécie de mão dupla, em que tanto o executivo quanto o legislativo ora submetem um projeto, ora decidem pela sua aprovação ou não, fazendo valer o exercício da democracia, em que os eleitos pelo povo são responsáveis pela legislação em prol da população.

Contudo, os últimos acontecimentos, no cenário político, apresentam uma desvirtuação do sistema democrático, em que muitos parlamentares, ao quebrarem o pacto estabelecido com o povo, optam por seguirem de forma consciente no caminho da corrupção, que se traduz pela vendo de votos na aprovação de um projeto de lei. Por outro lado, o executivo também não está isento de trilhar esse caminho, uma vez que a compra de voto é também um ato corrupto. Diante desses fatos, percebe-se, uma inversão de valores, em que o bom político é aquele que melhor exerce o exercício da corrupção.

Enquanto os partidos políticos manifestarem interesses que visem a beneficiar exclusivamente a si, esquecendo-se dos eleitores, presenciaremos uma lamentável medida de força entre legislativo e executivo, que não leva a outro caminho, senão o da estagnação. Com isso, a população sentirá ainda mais na pele o descaso, seja na educação, na saúde, na segurança entre outros. Diante disso, cabe-nos assumir um posicionamento para sairmos do nosso estado de inércia intelectual, caso contrário, seremos meros telespectadores da fracassada simbiose política, além de arcarmos com as consequências. Nunca é tarde! O primeiro passo pode ser dado em outubro desse ano.