TEMPOS DE FELICIDADE QUE NÃO VOLTAM MAIS

Terça-feira, 11 de Setembro de 2018

Há um certo modo de falar, quando se quer tecer comparações. Entre tudo e todos. Principalmente sobre certos tempos de nossas vidas. E é inegável que para alguns isso é mais fácil de fazer, principalmente se viveram em mundos outros, diferentemente desse em que vivemos atualmente. Diz-se, então: "Já não se faz mais tempos como os de antigamente". E isso é a pura verdade.

O progresso é bom por um lado e por outro, não. A vida nesses dias modernos é estressante, exprimida, atenuante e etc. e tal. Mas tem gente que até prefere assim. Já outros dariam tudo para viver num tempo de outrora, com mais tranquilidade e satisfação.

Nessa nova morada no bairro de Anchieta, eu ainda um garoto, vivia do jeito que gostava. Mesmo que em algumas oportunidades tinha que trabalhar, e até no pesado, carregando carrinhos de terra rica, para que meu pai montasse os canteiros de verduras e legumes no terreno.

E isso em muitas das vezes nos desagradava, a mim e ao meu irmão, porque impedia as nossas brincadeiras com os outros garotos, bem como as peladas no campinho careca da redondeza. As peladas ali eram quase sagradas.

E um outro costume adquiri. O de fazer carreto na feira de Olinda. Pegava as compras das pessoas para levar até suas casas. E com o tempo firmei até uma clientela fixa. Chegava a ganhar dinheiro que me proporcionava comprar minhas coisas. Uma delas era o gibi. Quando não, os famosos bolsilivros de bang bang, histórias do velho oeste americano. Cheguei a juntar mais de uma mala com eles.

E assim levava a vida de então. Desde aquela época fui um garoto voltado para o lado sério da vida. Isso porque as circunstâncias me levaram a isso. Mas é um fator de puro engrandecimento. Fez-me um ser útil e produtivo para a vida.

Citando gibis e bolsilivros, tenho que revelar o costume que adquiri em leitura. Num recinto criado por meu pai para guardar suas ferramentas e outras coisas, criei um tipo de sótão, com espaço suficiente para deitar e poder ler à vontade. Até um rabicho criei para usar uma lâmpada e ter a facilidade de ler, mesmo à noite.

Muitas das vezes, eu ali, ouvia minha mãe me procurar, chamando, e eu calado, sem responder. Lia, me divertia e aprendia. Talvez mais à frente possa relator duas passagens escolares, onde destaquei-me por ter adquirido a prática da leitura desde cedo.

Aqueles eram tempos de certas dificuldades financeiras. Felizmente nós nunca passamos nenhum tido de necessidade, exceto essa. Porque o próprio terreno onde morávamos nos dava sustentação alimentar e, de certo modo, financeira, porque vendíamos o excesso do que produzíamos ali.

São lembranças felizes de um tempo que não volta mais.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 11/09/2018
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