MUDAR DE RESIDÊNCIA NEM SEMPRE É RUIM

Rio de Janeiro, Quarta-feira, 12 de Setembro de 2018

Com doze anos de idade mudei-me de um bairro relativamente mais próximo do Centro da cidade para um bem mais distante. Isso deu-se no início da década de sessenta do século passado, Século XX. Dito assim, parece ser coisa bem mais antiga do que a realidade mostra, mas não deixa de ser interessante uma pessoa atravessar de um século para outro.

Então, a diferença foi muito grande porque o lugar anterior era de total urbanização, com ruas asfaltadas e casas amontoadas lateralmente na rua inteira, diferentemente do bairro seguinte onde a rua era de chão batido (sem calçamento), e os espaços verdes eram bastantes.

A minha sorte nessa mudança foi que possuía uma natureza rural, mesmo tendo nascido na urbanização. Então a minha adaptação à nova moradia foi fácil e automática. Assim, uni a fome com a vontade de comer, como se diz de forma popular.

O número de lugares vazios, com vegetação verde eram muitos. Isso proporcionava a condição de realizar as famosas "peladas", as partidas de futebol entre a gurizada das adjacências. Mas também se brincava de mil e uma maneiras. "Soltar pipas", por exemplo, era uma delas. Mas as opções eram muitas.

Como era uma área quase que rural, havia a existência de um ou outro curral, onde pessoas criavam seus animais, dentre galinhas, patos, coelhos, vacas e cavalos. E estes últimos, quando ficavam soltos pelas ruas, nós, os garotos, os pegávamos para galopar com eles. Era uma baita diversão, mesmo existindo algum perigo de acidente, uma queda, por exemplo.

Um tanto quanto longe de onde eu morava, havia um lugar chamado "Bacia", que era um espaço largo num riacho daquele local, onde a meninada ia banhar-se com frequência. Ficava bem na divisa entre o bairro e uma região militar, onde era proibida a entrada de civis sem autorização.

Um dia eu e os colegas de escola resolvemos após as aulas irmos tomar banho naquele local. E fomos uns dez, aproximadamente. Chegando lá, uma parte de nós optou por banhar-se nu, porque a região era um tanto quanto deserta e a existência de casas ao redor ficava um pouco distante.

E o banho e as brincadeiras rolaram soltas por certo tempo. Eu, inclusive, já estava fora d'água, devidamente vestido, quando de repente surgiu um sujeito montado num cavalo, bradando ofensas e assustando a todos, nos fazendo correr mato a dentro, para escapar dele, que, por certo, nos faria alguma maldade se nos pegasse.

Assim, só fomos nos rever e encontrar no dia seguinte, já na escola. E o jeito foi só cair na gargalhada pelo acontecido no dia anterior. Mas que o susto foi grande, isso foi. Mas não nos tirou a alegria de viver e de voltar lá num outro dia qualquer.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 12/09/2018
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