ENCARAR O PESADO NA ADOLESCÊNCIA ERA UM FATO NORMAL, OUTRORA.

Rio de Janeiro, Sábado, 22 de Setembro de 2018

Existem fatos de nossas vidas que nunca se apagam de nossas lembranças. Penso ser isso um fator imperativo na vida de todos nós. No meu caso, a mostra está aqui nessas assertivas que desenvolvo nesse espaço. Lembro-me perfeitamente de muitos. E é um regozijo poder registra-los numa dissertação como essa.

Como já contado, o terreno em que morávamos era grande. Com isso, meu pai, oriundo que foi do nordeste, com as práticas de agricultura que possuía, transformou-o num verdadeiro sítio, com fruteiras e canteiros de legumes e verduras.

Mas não sei como, ele pegou um gosto em plantar cana de açúcar. E recordo que havia ali pelo menos uns três tipos delas. Uma que ele chamava de "cana pau", porque era dura demais para se chupar. Mas tinha um adocicado profundo, mais do que as outras duas que plantou também.

Uma outra, com coloração rocha, ele a chamava de "cana pitú". Era uma das que havia em maior quantidade nessa plantação. E a outra era chamada de "caiana". Esta possuía a casca amarelada, mas com listagens vermelha e verde. Era a mais macia do grupo. E também plantada em certa quantidade.

Então, a partir de certo tempo, com o auxílio de um primo carnal, filho do irmão de meu pai, e que possuía vinte três anos a mais que eu, ele que era marceneiro, construiu uma moenda de madeira. Ela possuía duas engrenagens de madeira, sendo que havia a existência de dois braços, um de cada lado, que facilitava o manejo e o moer das canas. Mas o emprego de muita força era fundamental para seu uso. Mas depois de um certo tempo meu pai adquiriu uma moenda de ferro, pequena.

Assim é que todo final de semana tal primo ia lá para nossa casa. E juntos, moíamos muitas canas, fazendo caldo em quantidades enormes, que ele levava parte para sua casa para atender aos muitos filhos que possuía, mas também nos proporcionava vender o excessivo dessa produção. Também o vizinho do lado era brindado com um litro dessa mesma produção.

Mas o serviço de moer a cana através dessa moenda não era leve, não. Até pelo contrário. Fazia-se necessário a aplicação de muita força, como já dito. Mas nós, ainda garotos, encarávamos isso com naturalidade. Apenas em alguns momentos nos desgostávamos porque isso impedia de irmos jogar as nossas peladas no campinho careca da redondeza.

Hoje em dia a garotada possui uma moleza danada em se tratando de serviço braçal como naqueles tempos nós encarávamos. Sem contar a responsabilidade que assumíamos nessas situações. Felizmente isso só contribuiu positivamente para a nossa transformação em adulto. Hoje é fácil reconhecer que aquele aprendizado de vida foi bastante produtivo e positivo em nossa personalidade atual.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 22/09/2018
Reeditado em 26/09/2018
Código do texto: T6456010
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