UMA RUA, UMA CASA E UM POÇO COMO DIVERSÃO

Quarta-feira, 26 de Setembro de 2018

As lembranças que possuo do meu tempo de infância são muitas. Uma delas é que a casa onde fomos morar, no bairro de Anchieta, não era tão grande. O terreno sim. E a rua não possuía pavimentação, era de chão batido. E meu pai resolveu aterrá-la defronte dela. Ali não havia buraco e nem lamaçal em dia de chuva.

Com isso nos fazia trabalhar, eu e meu irmão, que éramos obrigados a transportar terra de lugares mais distantes para a execução daquele aterro. Nós não gostávamos. Trabalhávamos contrariados. Isso atrapalhava as nossas peladas no campinho careca da vizinhança, com a molecada amiga.

Também criou um pequeno gramado próximo do portão de entrada, à tarde era lugar de diversão e conversa com vizinhos. Porque a vala que passava em nossa porta também foi canalizada com manilhas. Tudo do bolso e por conta de meu pai. E o vizinho do lado vendo aquilo, também copiou as ações dele, fazendo uma urbanização naquele pedaço de rua. E isto era motivo de elogios de alguns outros vizinhos.

A casa também não possuía água encanada. Havia um poço atrás dela, bem colado à área dos fundos, cuja água era de primeira qualidade. E aflorava quase que à superfície. Podia-se pega-la com uma pequena vasilha, encurvando-se na boca do poço. Mas com todo cuidado para evitar uma queda dentro dele.. Era um fato interessante.

E outro fator também interessante foi que meu pai resolveu colocar uns peixes dentro do poço, traíras. Não me lembro bem onde as conseguiu. E à noite, com uma lanterna, ficávamos a vê-las sob a iluminação, onde seus olhos brilhavam, parecendo cristais luminosos. Os peixes seriam para limpar o poço de micróbios e que tais. Um processo bem natural de higiene.

O engraçado é que vivíamos na cidade do Rio de Janeiro, que naquela época ainda não havia sido acoplado ao Estado do Rio de Janeiro. Morávamos há uns trezentos metros do limite entre um município e outro. Tanto era que havia um posto fiscal bem perto de nossa residência, onde os caminhões de carga tinham que parar para serem fiscalizados.

Como era um pouco distante do centro da cidade, a região podia ser considerada como quase rural, em função da existência de muito verde ao redor. E como contado anteriormente, defronte de nossa casa havia um terrenão, que ocupava todo o quarteirão, onde seu proprietário possuía um curral onde cuidava de três ou cinco vacas leiteiras. E antes que esqueça, bem próximo haviam dois curtumes. Um de couro de gado e o outro de jacaré.

Como somos diferentes uns dos outros, eu me ajustava perfeitamente àquela vida. E arrisco dizer que trocaria a de hoje pela de outrora. Mas tomo cuidado para que não pensem que já estou senil. Ufa!

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 26/09/2018
Código do texto: T6459775
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