27 DE SETEMBRO: DIA DE SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

Quinta-feira, 27 de Setembro de 2018

Fui morar na Penha Circular, um dos bairros da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, ainda não tinha dois anos de idade. E morei lá até os doze, quando minha família mudou-se para um bairro mais distante do Centro, o bairro de Anchieta. E isso aconteceu no ano de 1964, salvo erro.

Então, no dia de São Cosme e Damião, 27 de Setembro, todo ano os padrinhos do meu irmão tomavam conta da rua. Promoviam uma baita dessas festas, que mobilizava todo aquele bairro, bem como outras vindas de mais longe. Isso porque era instituída uma distribuição pesada de saquinhos de doces, e ao final dessa manobra era realizada um tremenda festa, com palanque montado e locutor, para os sorteios dos brinquedos à garotada.

E esta ficava extasiada. E os brinquedos não eram simples, não. Havia de todo o tipo, desde bonecas, bicicleta e outros tipos mais. O seu Mário e a dona Carmem caprichavam nesse evento anual e que já fazia parte do calendário popular daquele bairro.

Nunca cheguei a ver outra festa/comemoração a esses santos igual em nenhum outro lugar. Imaginem o custo dessa brincadeira? Mas é claro que ele devia possuir um motivo muito forte para realizá-la. Só nunca soube qual era. Porque a aplicação que usava nesse evento era irrepreensível.

Nunca esqueço um dos brinquedos que ganhei numa dessas comemorações. Foi uma raquete para jogar Ping Pong. Era tipo profissional, mesmo. De um lado, emborrachada na cor vermelha; do outro era com cortiça, na cor original. Sua marca, salvo erro, era Procópio. E fiquei "mais feliz como um pinto no lixo". Imaginem quem era premiado com uma bicicleta, então.

Lembro também que o locutor anual dessa festa era o 'Zeca'. Ele morava ao lado. Possuía um vozeirão. Inclusive era locutor de uma rádio, que não lembro o nome, e também fazia as apresentações nos bailes e eventos do clube Associação Treze de Maio, onde eu o acompanhava frequentemente.

Interessante é que ele só andava de bicicleta. Pra lá e pra cá, onde fosse. E além de mim, fazia-se acompanhar por sua cadelinha, a Lenita. Esta, quando o via preparar-se para sair, já se posicionava para acompanha-lo. Daí que subia à garupa a bicicleta e ocupava seu lugar no passeio. Era uma coisa muito engraçada porque a vizinhança gostava de ver essa dupla. E tornaram-se populares no bairro da Penha Circular.

Mas havia um porém nas minhas frequências no Clube Trinta de Maio. Só não podia assistir às 'Domingueiras', ou aos bailes Hy Fy, noturnos. A lei e a ordem eram cumpridas rigorosamente naqueles tempos. E a presença de menores era duramente vedada nessas ocasiões.

São tempos que não voltam mais, como dizem. Mas as lembranças nunca desaparecerão em mim. E também em todos, claro, com certeza.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 27/09/2018
Reeditado em 27/09/2018
Código do texto: T6460779
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.