UMA BRINCADEIRA TRÁGICA E UM RESULTADO FUNESTO

Sábado, 29 de Setembro de 2018

Certas situações em nossas vidas não as conseguimos esquecer, de jeito nenhum. Mesmo que se passem décadas. Elas ficam gravadas em nossas memórias e lembranças, e não há como extirpa-las. Mas isso não chega a abalar ninguém. Se ruins, causam um certo incômodo. Se boas, relembram nossos bons momentos de vida.

Ao alcançar o terceiro ano ginasial, fui estudar num colégio grande. Localizava-se em Olinda, município de Nilópolis. E só estudei lá apenas um ano, transferindo-me para um outro no bairro em que morava, Anchieta.

Em minha sala, onde haviam muitos alunos, existia um que era o que antigamente chamavam de levado da breca. Ele aprontava poucas e boas. Com tudo e com todos. E sentava junto comigo, naquelas carteiras duplas. E nos dávamos muito bem, por sinal.

Mas das artes que fazia, uma delas era de máxima periculosidade, pegar carona no reboque do trem. Ali existia uma escada de três degraus, para os acessos às composições. Mas só dos funcionários da rede ferroviária. Era terminantemente proibido o uso dali por passageiros comuns.

Eu não era medroso, até pelo contrário. Mas nesse tipo de brincadeira eu não entrava e muito menos participava. As recomendações de meus pais assim me orientavam e eu seguia à risca aqueles ensinamentos. Até cheguei a andar ali, mas já rapaz. Mas em circunstâncias muito especiais, quando a superlotação me impedia de entrar normalmente nas composições. Mas foram pouquíssimas e/ou raras vezes que fiz isso.

Então, um certo dia, este colega chegou à escola e chamou-me para o tão arriscado exercício. Claro que não aceitei. E ele foi sozinho. Só que no dia seguinte nos chegou a trágica notícia de que ele havia caído na linha férrea e morrido. Foi um choque para mim e para todos, seus colegas de turma e de escola.

Infelizmente a vida é assim. Às vezes nos prega certas situações horríveis, desagradáveis e trágicas. E o colega, ainda um garoto, se foi, morrendo estupidamente. Sua família ficou. Para carregar o fardo, talvez, da omissão. Mas não há como sair de determinadas arapucas que a vida nos prega. Uma lástima.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 29/09/2018
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