O Quebra-cabeça de Freud

O QUEBRA-CABEÇA DE FREUD

É muito comum, quando o assunto é psicanálise, pensarmos em primeiro momento um nome: Sigmund Freud. Isso ocorre não sem fundamento, uma vez que, o médico neurologista é o responsável pelo surgimento da psicanálise.

O olhar clínico do especialista acerca de distúrbios psicológicos, o induziu a pesquisar o inconsciente, uma vez que ele acreditava que ali estariam as respostas para as patologias da mente humana.

Em seu famoso livro “A Interpretação do Sonhos”, é proposto que os sonhos seriam um caminho para atingir o inconsciente, haja vista que, quando sonhamos, retratamos lembranças e vivências de nossas vidas. Além disso, Freud propõe uma divisão topográfica da mente em: inconsciente, pré-consciente e consciente. È comum encontrarmos este modelo associado á imagem de um iceberg, no qual a ponta que se encontra fora d'água é o consciente, que é a parte que lida e agrega as informações das quais você têm ciência. Ele possui princípio de realidade. O inconsciente é a região mais submersa do iceberg. È o local onde a informação excluída do consciente se organiza, como lembranças e sensações da infância ou traumáticas. Já o pré-consciente, é a parte do iceberg que fica logo abaixo do nível da água. Ele funciona feito uma membrana plasmática, sendo uma barreira que filtra o conteúdo entre inconsciente e consciente. Nele residem memórias que podem ser facilmente acessadas.

Após essa divisão, Freud sugere uma modificação e cria uma subdivisão para que haja um perfeito funcionamento do aparelho psíquico. As novas estruturas são: Id, Ego e Superego. O Id, fica por completo no inconsciente e, traz à tona, o instinto primitivo do ser humano. Regido pelo princípio do prazer o faz agir de maneira irracional e impulsiva, atitude muito comum em bebês e crianças que, normalmente agem por instinto. O Id está imerso em uma busca caótica por satisfação a qualquer custo.

O Superego, ao contrário do Id,é mais racional, sendo influenciado por regras e padrões pré estabelecidos. Com uma pequena ponta no inconsciente, o superego é o “órgão regulador” dos impulsos do Id.

Por fim, temos o Ego, o mediador. Assim como o superego, parte do Ego está no consciente. Ele inicia-se na infância e é a balança que equilibra as vontades do Id e as limitações do superego, fazendo com que o indivíduo consiga regular suas atitudes.

Essas estruturas ao se ligarem, geram a teoria da Personalidade, isso é, elas decidem e organizam a maneira como o indivíduo vai interagir com o meio.

Assim Freud , tal qual os desbravadores dos mares, com suas principais três fragatas, mapeando as constelações, conseguiu descobrir novas terras nunca dantes navegadas. Dentre suas principais cartas a “ A Interpretação dos Sonhos”, fez com que novos mestres dos mares, conhecessem outras águas navegáveis da emoção e dos sentimentos. Nosso cérebro com neurônios e células primitivas aprenderam a navegar de cais em cais até se aculturarem no habitat natural em que vive o homem.

Este neurologista nascido em Freiberg in Mähren, na época pertencente ao Império Austríaco, por nome Sigismund Schlomo Freud, capitaneado por Charcot e técnicas de Josef Breuer , médico fisiologista austríaco, abriu as gavetas retratadas na escultura de Dali para que conheçamos o que os religiosos chamam de alma: nossos sentimentos, emoções, neuroses, fobias e medos, amenizando as causas da patologia.

Considerando seu trabalho realizado com a paciente Anna O ou Bertha Pappenheim, denominado “associação livre”, acendeu a luz do farol para uma nova forma de estudar a histeria, fundamentado em “diga o que disser, fale o que falar eu estarei aqui, ao seu lado”. Conclamando assim um passado externado têm-se a solução presente. Deixa em evidência para o futuro um trecho do poema de Bertolt Brecht :

“Aos que vierem depois de nós. Realmente, vivemos tempos sombrios! A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas denota insensibilidade. Aquele que ri ainda não recebeu a terrível notícia que está para chegar.”

Descartes já dizia : “Penso, logo existo” ou “Cogito, ergo sum”, ou seja, se eu duvido de tudo, o meu pensamento existe e, se ele existe, eu também existo. Para Descartes e historiadores em geral essa tese é valida, o historiador precisa rejeitar qualquer coisa que levante a menor dúvida, isso leva à dúvida absoluta sobre tudo. Não existe uma única verdade. Descartes complementa que “também não se pode confiar nos sonhos pois eles não se baseiam em coisas reais.” Freud comprova que sim, os sonhos se baseiam em fatos reais locados no passado e ou presente. Acontecimentos que vêm á memória em estado de não vigília, onde tudo é oniricamente real, até peixes azuis e vermelhos com caudas de galo. Os sonhos mostram quem somos: se no sonho choramos por uma erro cometido por nós, demonstra que somos complacentes, e assim também o oposto. Esse quebra-cabeças de muitas peças, um dia terminará de ser montado. E se a psicanálise traz à tona nossos sentimentos e emoções , Chaplin está correto quando diz:

“Não sois máquinas, homens é que sois !”

Menotti Orlandi

Menotti Orlandi
Enviado por Menotti Orlandi em 12/12/2018
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