Raízes de uma potência científica (Modelo Enem)

Quando Francis Bacon ilustrou o que seria o cerne das grandes potências com sua máxima "conhecimento é poder", já demonstrava que o conhecimento de uma nação estaria intrinsecamente ligado ao progresso científico. No atual contexto, no entanto, o Brasil se distancia dessa perspectiva, pois não estimula o gosto pelo saber de seus jovens, além de não incentivar com profusão a produção de pesquisa. A fim de mitigar a problemática, urge medidas eficazes.

No que tange o distanciamento da perspectiva baconiana, o Brasil não estimula o jovem a gostar de ciência, fato notório na forma como esta é ensinada nas escolas, através de uma didática enfadante e na maioria das vezes preza ao aspecto teórico. É mais impactante observar que conceitos elementares desse universo são desconhecidos pela maior parte da população. Nos EUA, Carl Sagan influenciou gerações com seu carisma na divulgação científica, de uma forma compreensível até para quem não tinha conhecimentos profundos, através do programa "Cosmos", que explicava como funciona o universo astronômico, as leis da física e o pensamento científico. No Brasil não existe um divulgador influente que consiga cooptar adeptos ao seu cosmos, tampouco na TV aberta existe algo parecido com o que Sagan propôs. Desse modo, é nítido antever que a cultura da desvalorização do pensamento científico se fortalece, e o país perde o "poder" advindo do conhecimento.

Em segunda análise, pouco se investe em pesquisas, algo que pode ser ilustrado em vários momentos da nossa História. Na República Oligárquica, por exemplo, o momento de maior ênfase dos investimentos aconteceu durante a política do presidente Rodrigues Alves, que estimulou o médico Oswaldo Cruz, em soluções para uma vacina contra a varíola e febre amarela, que assolavam a população. Como não houve o esclarecimento desta acerca dos benefícios da vacinação, que era feita forçosamente, ocorreu a conhecida "Revolta da Vacina".Atualmente, o governo Bolsonaro anunciou cortes no orçamento de universidades públicas, prejudicando, por conseguinte, o setor de pesquisa destas. Disso, depreende-se que a produção de saber está isolada do auxílio do Estado, o que torna ainda menos atrativo ingressar nesse meio.

Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado por intermédio da ação interministerial dos setores da Ciência e Tecnologia e da Educação, a elaboração de ações que visem o estímulo do brasileiro, desde o Ensino Fundamental, a entender a função crucial da ciência. Ao Ministério da Educação, é mister que se foque na promoção de palestras nas escolas, levando cientistas brasileiros para explicarem seu cotidiano. Ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, delega-se a tarefa de elaborar um projeto com parceria público-privada, que dê incentivos fiscais às empresas para o subsídio de estudantes promissores do Ensino Médio, com uma bolsa financeira, para que estes invistam no futuro acadêmico. Denota-se que, apenas assim, a questão poderá ser suavizada, e a máxima de Bacon também fará parte da perspectiva do brasileiro.